Um país sem memória é um país sem futuro
Uma das marcas identitárias mais relevantes e abrangentes de um país está associada à sua independência. A celebração da libertação do jugo do ocupador é um traço comum a uma comunidade e, em Portugal, a revolta dos 40 conjurados, que conduziu à libertação do domínio da dinastia filipina castelhana, a 1 de dezembro de 1640, é um evento recordado pela população e celebrado por muitos.
Até 2012, esta data era assinalada, também, com um feriado nacional. Mais do que justa, a existência deste feriado (o mais antigo feriado civil em Portugal) é um traço identitário da nação, simbolizando um momento decisivo para o curso histórico do nosso país.
Para além de lamentável, é absolutamente vergonhoso que um Governo considere que um país, que o seu povo, passa melhor sem memória coletiva, sem símbolos, sem identidade. Conjuntamente com a suspensão do feriado que celebra a implantação do regime republicano em que vivemos, a suspensão do feriado de 1 de dezembro afigura-se como apenas mais uma evidência do enorme vazio de cultura, de conhecimento histórico, de conceito de comunidade, que aqueles que ainda ocupam funções governativas almejam ver em Portugal.
(Fotografia: obelisco comemorativo da Restauração da Independência, Praça dos Restauradores, Lisboa)