Um congresso extraordinário será sempre electivo
Foi ontem noticiado um parecer da Comissão Nacional de Jurisdição em que se afirmará não ser forçoso que um Congresso Extraordinário seja acompanhado de eleições directas. De novo, não nos desviemos: o foco é e deve ser político e não juridíco-estatutário. Daí que a pressão esteja de novo na liderança de Seguro.
Um congresso extraordinário no actual quadro terá como consequência a existência de listas e eleição de delegados por uma direcção política alternativa ou pela manutenção da actual orientação política, adstritas às respectivas moções.
Será na prática um escrutínio eleitoral da actual liderança e da sua orientação política. Terá portanto a actual direcção de decidir se quer assumir o confronto e bater-se por isso numas eleições directas. Ou se quer continuar a fingir que não existe um muito amplo movimento alternativo e que é, em meu entender e no entender de muitos outros, maioritário.
Significaria na prática que o actual Secretário-Geral permaneceria com uma orientação política diferente daquela que defendia na sua moção. Percebe-se facilmente que isso é insustentável. Até porque o novo congresso elegeria também uma nova composição para os orgãos do partido. Obviamente, perdendo o congresso, a liderança do Secretário-Geral estaria por dias.
Muitos querem a saída da actual direcção. Ninguém quer, naturalmente e por respeito institucional, que uma liderança tenha uma saída embaraçosa para todos os envolvidos. Seria muito positivo para todos que a disputa de liderança fosse frontal e directa e não por interpostas listas ao congresso. Que não tenham receio de fazer do Congresso Extraordinário o que ele é à vista de todos: um confronto entre orientações políticas alternativas mas também um confronto de perfis de liderança.