TSU: ímpeto revolucionário ou outra coisa?
Para estupefacção geral, Passos Coelho decidiu voltar a colocar a descida da TSU para as empresas na ordem do dia. Será que se esqueceu dos efeitos que teve em Setembro de 2012? É pouco provável...
Vale a pena recordar que a descida da TSU que as empresas pagam teria de ser compensada com uma subida da contribuição paga pelos trabalhadores ou com uma subida de outro imposto qualuqer (e.g. IVA) já que, caso contrário, estar-se-ia a criar um défice nas contas da Segurança Social. Trata-se, portanto, de uma transferência directa de recursos dos trabalhadores para os patrões.
Em 2012 as pessoas perceberam do que se tratava e mobilizaram-se em grandes manifestações que acabram por levar a que a ideia fosse engavetada, com direito a uma pirueta de Paulo Portas.
Como se pode, então, explicar que o Primeiro-Ministro escolha este momento para recolocar a questão na sua agenda política?
Não consigo imaginar cálculo político ou estratégia eleitoral em que isto se possa encaixar. A meu ver, restam apenas duas hipóteses: ou Pedro Passos Coelho ainda está convencido de que esta é uma ideia mirífica que resolverá os problemas estruturais do país, ou está a cumprir uma promessa que fez a alguém. No primeiro caso, Passos Coelho é um revolucionário obcecado, no segundo é um servo dos interesses dos grandes grupos económicos, que seriam os principais beneficiários desta medida.