Na lama
O meu primeiro trabalho foi um emprego de verão aos 13 anos, numa carpintaria, e ganhei dez contos.
Entre os dezasseis e os dezassete anos, trabalhei durante o Verão como paquete num hotel, e o meu ordenado mensal era 100 contos.
Entre 1998 e 1999, ganhava 85 contos trabalhando numa livraria que já não existe, em Campo de Ourique.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho não se recorda se, entre 1996 e 1999, ganhou 5000 euros por mês como consultor da Tecnoforma, e também não se lembra se pediu de facto um subsídio de exclusividade ao parlamento, demonstrando, através das declarações do IRS, que não auferia qualquer rendimento regular para além do de deputado. Por isso, pediu à sra. Procuradora-Geral da República (convenientemente já nomeada por este Governo) que o ajudasse a recordar aquilo de que ele não se lembra, e sabendo que o pedido poderá nem ter maneira de ser satisfeito. Este súbito ataque de Alzheimer não é mais do que uma manobra de diversão, usada para não se comprometer com mais uma mentira. Os outros que mintam por ele, como aconteceu com o secretário-geral do Parlamento ao emitir uma declaração que garantia que Passos Coelho nunca pedira o regime de exclusividade.
Passos Coelho está a ir ao fundo, penosamente, e por sua vontade várias instituições vão sendo enlameadas no processo. O pior primeiro-ministro da história da democracia não vai ter um bom fim. Isso é certo.