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Sem antídoto conhecido.

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26
Jun13

Mitologia

André Fernandes Nobre

«País precisa de menos de greves e mais de trabalho»


Enquanto estive emigrado, tive que explicar a um cidadão Sueco que, contrariamente aos mitos propalados por essa Europa de que os povos do Sul são calaceiros trabalham menos horas, na verdade, os Portugueses trabalham tanto ou mais que quaisquer outros cidadãos Europeus.


Aparentemente, esta semana temos que explicar isso ao nosso Primeiro-Ministro.

15
Nov12

La France avantgarde. Autre fois.

Pedro Figueiredo



Num balanço mental do que foi esta Greve Geral no dia em que toda a Europa se queixou da austeridade (mesmo aqueles que não a vivem como outros), as imagens das obras de calçada que ocorreram em frente à Assembleia da República não me saem da cabeça. O motivo não interessa porque, como já devem ter percebido pelo título, não foi o dia português que me despertou mais. E antes que me acusem de anti-patriota, não é por desinteresse do que se passa cá dentro. Pelo contrário. Acho é que a solução também vem de fora.


De todas as reportagens que passaram no boa cobertura da Euronews (ainda bem que voltou a passar na RTP) ao dia na Europa, foi a da França que mais me reteu. Fiquei satisfeito pelas manifestações também terem tido vozes na Bélgica, na Áustria e até na Alemanha. Os povos não precisam de pensar pela cabeça da sua classe política. A da França falava em solidariedade e em estado social. As pessoas que estavam na rua a manifestarem-se falavam em acabar com a austeridade, quando nem sequer estão em regime de resgate financeiro. A crise chega a todos, bem sei. Mas, sinceramente, já perdi a própria noção de crise. Quem está pior?


A França foi o primeiro país a virar à esquerda, com Hollande, depois do estrondo de 2008 e da vaga de Sarkozys e Berlusconis. Era o fim do mundo. Cheguei a ler que Hollande jamais poderia cumprir as promessas que fazia por ser tão financeiramente suicida. Voltava-se ao tempos dos gastadores de esquerda que minam tudo com manias de solidariedade. As pessoas, ontem, nas ruas de França falavam e praticavam essa solidariedade. E não foi preciso dinheiro. Foi uma "borla". Do mesmo local de onde veio o Maio de 1968. Que foi considerado para muitos filósofos (Sartre não deve ter sido o único, imaginando que foi dele que saiu esta ideia...) como a mais importante revolução do século XX. Esqueçam lá Cuba, o Outubro Vermelho e as duas grandes guerras.


O próprio filósofo Jean-Paul Sartre, presente nos acontecimentos de maio de 1968 em Paris, confessou, dois anos depois, que “ainda estava pensando no que havia acontecido e que não tinha compreendido muito bem: não pude entender o que aqueles jovens queriam...então acompanhei como pude...fui conversar com eles na Sorbone, mas isso não queria dizer nada”


O farol ideológico oitocentista parece estar a iluminar de novo o caminho. Para quem o quer seguir, claro. É difícil exigir que do berço da crítica da razão pura surja uma total compreensão do que foi realmente a importância da Revolução Francesa. O que estranho é que em Portugal haja quem não entenda o mote que saiu da tomada da Bastilha. Quem não pare para pensar qual seria a reacção dos franceses se lhes abolissem o 14 de Julho.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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