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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

31
Jan14

Síndrome de Estocolmo colectivo

Pedro Figueiredo

Não foi há muito tempo que as Nações Unidas aconselhou os países a não chegarem a qualquer tipo de acordo com terroristas. O tópico serve de introdução ao que o Governo está agora a tentar implementar como critério para o despedimento nos casos da extinção de postos de trabalho. E o terrorismo não é dos sindicatos.

Em Janeiro de 2012 foi assinado um acordo entre Governo e parceiros sociais (UGT e entidades patronais, a CGTP ficou de fora) para o novo regulamento laboral, sob o signo do «Compromisso para o crescimento, competitividade e emprego». São 52 páginas que terminam com a seguinte frase: «O Governo compromete-se, no âmbito das matérias laborais previstas no presente Acordo, a não introduzir qualquer aditamento ou matérias diferentes, salvo se previamente acordadas com as Partes Subscritoras.»

 

Acontece que seis meses depois, João Proença, então ainda líder da UGT, veio afirmar que o acordo que havia assinado era mau – admitindo implicitamente que optou pelo mal menor –, mas o processo havia ficado encerrado e que nem o Governo e muito menos a Troika poderiam alterar o que quer que fosse. Em Outubro, o discurso de Proença já era outro, sentindo necessidade de se explicar em público, afirmando que o que o Governo estava a colocar em prática não tinha nada a ver com o acordo assinado em Janeiro e sim com o que a Troika exigia em termos de flexibilização, ou liberalização dos despedimentos, no mercado de trabalho, conforme a terminologia de quem o defendesse.

A UGT não foi com certeza a única a queixar-se de ter sido enganada. O próprio ministro da economia da altura, Álvaro Santos Pereira, também se deve ter sentido traído depois da enorme satisfação por um acordo que é sempre difícil de conseguir.

 

A má fé do Governo (e não se pode tratar de outra coisa já que não cumpriu com o que ficou acordado em sede de concertação social) deveria ter servido de alerta para esta nova ronda negocial com os mesmos parceiros, embora com novas lideranças. Até o ministro da economia é outro, mas há protagonistas que se mantêm em funções. Os mesmos que foram responsáveis pelo desrespeito de que foram acusados ao não cumprirem o acordo estabelecido em 2012.

Não vale a pena entrar em detalhes sobre as prioridades dos critérios para o despedimento que o Governo ainda discute em Conselho de Ministros. As avaliações de desempenho (pelos vistos, o principal critério), tendo em conta a realidade das mesmas quer no sector público quer em algum do privado, só podem ser do mesmo domínio que as intervenções de Hugo Soares. Anedótico.

Espantoso é ver como ainda se dá margem de manobra a um Governo que já perdeu qualquer credibilidade de negociar com (e, acima de tudo, em nome d’) os portugueses. Só pode ser Síndrome de Estocolmo coletivo.

21
Jun13

A greve dos professores e o novo líder espiritual da direita

Cláudio Carvalho

Nos últimos dias, a mesma direita que em legislaturas não muito distantes teve partidários fanfarrões travestidos de diretores de jornais - dedicados a criar inventonas atrás de inventonas - como seus doutrinários, é a mesma direita que reencontra em Henrique Raposo o seu novo "líder espiritual" para malhar nos professores, nos sindicatos e, particularmente, em Mário Nogueira.

Como se pode ver na crónica publicada no Expresso, que podia muito bem ter sido publicada no "Povo Livre", do passado dia 18, Henrique Raposo disserta sobre a vida profissional e sindical de Mário Nogueira, como resposta aos acontecimentos gerados pelos erros - de opção política e de gestão política - do Governo e, em particular, do Ministro da Educação e Ciência. O nível de aplausos e de louvores a este "Nigel Farage português" tem sido tão assinalável quanto surpreendente, o que comprova duas matérias: a primeira é que, indubitavelmente, é preciso reforçar o ensino de introdução à filosofia no ensino secundário, tal é a incapacidade de reconhecer uma falácia; a segunda é que, efetivamente, ainda, existe um número substancial de cúmplices deste governo e das suas políticas.

A resposta, num futuro próximo, é para dar nas urnas.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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