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365 forte

Sem antídoto conhecido.

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13
Fev14

O soft power sagrado do regime

Sérgio Lavos

O nível frustracional do povo português todos os dias encontra razões para se manter em níveis elevados, derivado aos vários inconseguimentos que as principais figuras do regime vão exibindo. 

Fazendo coro com um Governo Tecnoforma e um presidente BPN, temos a segunda figura do Estado, a reformada aos 42 anos Assunção Esteves, que num upgrade do seu know-how foi recalibrada como presidente da Assembleia da República, conferindo assim uma inaudita dignidade a uma instituição que os portugueses encaram como o lugar, e cito: "onde essa corja de gatunos gasta o nosso dinheiro".

Recorrendo a um soft power sagrado que apenas tal dignidade pode trazer, Assunção quer agora estabelecer uma parceria público-privada para as comemorações dos quarenta anos do 25 de Abril, um espectacular branding da revolução. O primeiro parceiro será a incontornável Joana Vasconcelas, artista do regime, e a coisa passará por colocar uns cravos nos chaimites, elevando a revolução a uma categoria kitsch que certamente acordará os capitães de Abril do eterno descanso onde estão postados. Mas Assunção não se fica por aqui: quer estender a parceria a empresas privadas.

Para a celebração deste regime ser completa, deixo já aqui sugestões de parceiros comerciais: um desfile militar a acabar na Praça do Comércio patrocinado pelo Continente e abrilhantando pela música de Tony Carreira; uma exibição naval com o navio da escola militar, várias fragatas e os dois irrevogáveis submarinos, patrocinada pela Martifer; uma marcha lenta de chaimites e carros de combate pelas auto-estradas vazias do país, patrocinada pela Mota Engil; um festival aéreo englobando várias bases e aviões, patrocinado pela Tecnoforma; um grande jantar comemorativo para os pobrezinhos, numa joint-venture entre o Banco Alimentar contra a Fome e o Pingo Doce; aulas didácticas sobre o 25 de Abril em todas as escolas do país, onde deverá ser mostrada a visão que José Hermano Saraiva e Rui Ramos têm da revolução, com o patrocínio da GPS; e a cereja no topo do bolo, a exibição dos chaimites nas escadarias da Assembleia, profusamente decorados com os tais cravos gigantes de papel de Joana Vasconcelos, tudo devidamente enquadrado pelo patrocínio do banco de todos nós, portugueses: o BPN. 

O medo do inconseguimento será certamente frustracionado recorrendo ao soft power sagrado dos privados, sempre melhores gestores do que o Estado, já sabemos. Vai ser um grande vinte e cinco de Abril, nos seus quarenta anos. 

03
Nov12

O tamanho de um rastilho

Pedro Figueiredo
Não se andará muito longe da verdade se se considerar Portugal um país à beira de uma manifestação pública com consequências bem mais gravosas do que aquelas a que se tem assistido. Os níveis de desemprego e os cortes nas prestações sociais anunciadas e já confirmadas (na generalidade) pelo Orçamento de Estado para 2013 - e outras situações que não vale a pena aqui elencar -, transformam a sociedade num autêntico barril de pólvora.
Pode até haver quem considere que o país aguenta (ai se aguenta!) mais austeridade, mas ao dizê-lo não sabe verdadeiramente que consequências isso trará na forma como pode, inclusive, imaginar o seu próprio dia a dia. Diz pela simples razão de que se é preciso, é preciso. Not so fast.
Como em qualquer barril de pólvora pronto a explodir, há sempre um rastilho. Mais ou menos curto. Ninguém sabe precisar o tamanho. Há índices de contabilização para a paciência e limite de austeridade de um país? O FMI também também tem um multiplicador para isso?

Quem garante que, por sugestão, os números de levantamentos de poupanças não aumentam ainda mais? Ou até uma corrida aos balcões para levantamentos em massa (último cenário, mais catastrófico)... Apesar dos depoimentos das pessoas apontarem para necessidades financeiras imediatas, parece (números não confirmados) que a grande maioria foi para reinvestir em produtos mais rendíveis. Mesmo assim, as razões podem bem ser as piores: receio e incerteza no futuro.
Nem é preciso recuar muito no tempo, salvaguardando as devidas diferenças de regime. Mubarak caiu com o espancamento até à morte de um jovem de Alexandria por um polícia num mercado. E não foi só o Egipto que mudou.
O estado a que chegou o país (manifestações e intolerância de variadíssimos sectores da economia às soluções apresentadas pelo governo), não promete um desfecho propriamente saudável à democracia. Seja para que lado cair "a razão". Ser flexível também é perceber o momento certo em que a corda não tem mais elasticidade e perceber que vai partir.
«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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