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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

16
Dez19

Chega quando cada um nós quiser

Pedro Figueiredo
Desde da noite de 6 de Outubro que ando a tentar colocar as ideias em ordem para saber o que dizer do facto de Portugal ter, pela primeira vez em democracia, eleito um deputado com públicas soluções fascistas (castração química como pena); racistas (segregação de minorias, apontadas como raiz da criminalidade); e xenófobas (ausência de qualquer sensibilidade para a questão dos refugiados) para alguns dos desafios que enfrentamos enquanto sociedade.
Não interessa aqui discutir o programa político do partido que o levou a São Bento, até porque já não é o mesmo com que se apresentou aos portugueses. Mudou, em dois meses. O ponto aqui é mais a forma e o conteúdo das mensagens que o agora deputado perigosamente propaga, com um sério risco de contaminação dado palco natural que tem. A avaliação ética e moral do mensageiro será objecto de análise individual, mas o que vomita na praça pública pode e deve ser alvo de exaustivo debate nacional, sem se correr na errada falácia de se poder estar a ampliar o eco, precisamente, do que não se quer para o país. No entanto, se não se falar no assunto, não se pode querer que ele desapareça por obra e graça do Espírito Santo. Pelo contrário. banqueiros como Ricardo Salgado deram fortes contributos, precisamente, para que este tipo de mensagens ganhasse sentido na cabeça de muita gente.
Ao paradoxo da tolerância de Karl Popper sobrepõe-se a necessidade de quebrar o silêncio dos momentos que mais precisam que se fale e discuta os reais perigos da demagogia populista. Não embarcar, nesse caminho, nas críticas à comunicação social por dar palco ao deputado, confundindo os objectivos e, acima de tudo, os verdadeiros desalinhados com as mais elementares regras de humanidade.
A chamada de atenção do presidente da Assembleia da República sobre o uso da palavra “vergonha”, por parte do recém eleito deputado numa só sessão, acabou por resvalar para mais um caso em torno da mesma personagem e do seu partido, que não teve pejo em, na primeira oportunidade, colocar um cartaz à porta da casa da Democracia com um recado que acaba por dar toda a razão a Ferro Rodrigues, inicialmente criticado pela iniciativa de mostrar as regras da saudável e elevada oratória.
O cartaz da #vergonha deve apenas envergonhar o seu promotor. Menospreza o mandato para o qual 67.826 portugueses o elegeram – provavelmente todos satisfeitos e orgulhosos com a iniciativa – e esfrangalha a dignidade de se representar uma parte de nós. Com toda a legitimidade, diga-se. O espírito democrático deve sempre prevalecer. A missão até aqui tinha sido impedir, legal e democraticamente, que tal representação chegasse ao hemiciclo. A partir daqui, a meta será a de evitar o seu crescimento. A solução não é impedir que as perigosas mensagens partam do emissor, mas evitar que cheguem ao receptor como a salvação para os males de que sofremos. Compreender as razões que levam a que discursos profundamente desumanos colem em mentes desinformadas. Atacar outros motivos de vergonha nacional que grassam no futebol, na justiça, na saúde, na educação, com desfechos que semeiam a cultura da inimputabilidade de certas personagens, aumentando assim o crescimento do sentimento de frustração e raiva que, invariavelmente, serve na perfeição de incubadora aos destruidores radicalismos.
Portanto, na sequência da velha máxima de um dos inspiradores de conservadores e liberais, Edmund Burke, de que “para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados”, do meu lado, não contem com silêncio quando se trata de combater o fascismo, o racismo, a xenofobia, a homofobia e outras doenças que afectem o, já de si frágil, equilíbrio social.
Apesar de ser absolutamente contra divisionismos, sempre que colocam as conversas entre eles e nós, escolherei sempre o nós que inclua o respeito integral pelos Direitos Humanos. Porque, na verdade, poderemos sempre dizer que chega quando cada um de nós quiser.
 

JN.jpeg

Foto: Jornal de Notícias

30
Out13

Racismo à solta

André Fernandes Nobre

Os "tempos de emergência" que justificam a dissolução, inter alia, do princípio da separação de poderes e que motivam um Primeiro Ministro a querer governar contra os seus concidadãos assumem cada vez contornos mais assustadores, não apenas em Portugal (como se verificou ainda agora com o vergonhoso "guião para a reforma do Estado"), mas inclusivamente em países considerados democracias maduras e garantes das liberdades.

 

Desta vez, é do Reino Unido que nos chegam acções racistas, cada vez menos envergonhadas.

 

Ora atentem bem na capa de amanhã do Daily Express:

 

 

Um dia, quando for escrita a história dos eventos que constituirão o apogeu dos ditos "tempos de emergência", convém não esquecer tudo o que foi sendo dito e escrito e a forma como esta nojeira se foi paulatinamente tornando mainstream.

20
Out13

Retomando a questão luso-chinesa

André Fernandes Nobre

Algures na República Popular da China haverá certamente um membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês a comentar "Mas que raio, não havia uma cidadã camarada para abrilhantar o palco do Grande Teatro Nacional da China e tiveram que ir buscar alguém à terra das laranjas?".

 

Ou então não.

 

Pela minha parte, posso dizê-lo: da vergonha de ter que partilhar a nacionalidade com alguém assim já não me livro.

20
Out13

Oh luso Rodrigo explica aqui às gentes

David Crisóstomo

Qual é o teu problema? A gaja tem nacionalidade portuguesa. E não nasceu em Portugal. E? Qual é o teu ponto? É porque eu estou a deduzir que há um ponto qualquer. Que tens aí alguma argumentação. É que estou a ser simpático e a deduzir que não és um grandessíssimo racista. Querias ter piada era? A gozar com a origem da atleta? Precisas de mais leitores do PNR? Aquilo na comissão politica está assim tão decadente? O que te incomoda filho? A Fu Yu? Ela ganhar medalhas? A Fu Yu ganhar medalhas, com o desplante de o fazer em representação do condado portucalense? Vá lá, conta-nos, não te envergonhes, estamos aqui para ti. A não ser que sejas de facto um cabrão de um xenófobo. Cabrão e xenófobo. Tudo na mesma frase. Nesse caso, vai à tua vida que estaremos esclarecidos.


«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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