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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

11
Jul13

Os erros de Assunção Esteves e a estabilidade da democracia

Cláudio Carvalho

A Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves citou Simone de Beauvoir, para chamar aos cidadãos que se manifestaram nas galerias da Assembleia da República de "carrascos". Como já o escrevi, se estes fossem realmente carrascos, provavelmente Assunção Esteves já teria sido enforcada ou decapitada (seja na interpretação literal, seja na interpretação figurativa), assim um pouco como o estado deste governo: um governo politicamente decapitado (como se viu, uma vez mais, ontem, pela intervenção do Presidente da República Cavaco Silva). Mas, o pior, nem é isto de ter uma Presidente da Assembleia da República histriónica em modo histérico, que não contém metáforas infelizes.

O pior é ela e os que a defendem, não perceberem que este tipo de manifestações pacíficas, ainda que possam roçar o limite do aceitável, são válvulas fundamentais que aliviam a pressão das consequências negativas desta crise económico-financeira, social, política e institucional. Soluções como fechar o acesso às galerias da Assembleia da República, para lá do péssimo sinal político, só agravam o problema da salubridade democrática e a estabilidade quanto à segurança. Sem estas "válvulas", teremos incidentes similares aos do Brasil. Refiro Brasil, para não referir outros exemplos similares ou mais graves. Não podemos correr o risco de deixar cair a democracia, antes de cair toda a economia. A história, volta-se a repetir...

29
Jun13

Futebol não é o ópio do povo

Pedro Figueiredo
Não deixa de ser irónico que um país onde o futebol é amado e adorado, único com cinco títulos mundiais e das equipas que mais costumam encantar o mundo, depois da Argentina, se tenha revoltado por causa do dinheiro gasto para receber a Taça das Confederações, a decorrer, e o Mundial de 2014.
O descontentamento provocado pela construção de um complexo imobiliário numa praça defendida pela população na Turquia virou-se, no Brasil, no aumento das tarifas dos autocarros. A emergência de uma classe média mais instruída pode estar na base da explicação para tais comportamentos. Pode não ter renegado o desporto-rei como forma de distracção e veículo de paixão clubística - autênticas tribos no seu sentido mais antropológico -, mas percebeu que tal como a religião, o futebol não pode ser uma espécie de ópio do povo. Como diz uma amiga com quem discuti a questão, isto tem marximo all over.
Já com a grande parte dos estádios que vão servir de casa ao Mundial do próximo ano construídos e prontos depois de muitas insistências da FIFA devido aos atrasos, as críticas da população viraram-se para as obras sumptuosas que estavam a ser feitas em formas de estádios de futebol.
Quando são as pessoas a gritar na rua que não querem mais corrupção, isso já não é demagogia. O Brasil pode representar três quintos da economia sul-americana, mas este Mundial já está a ser o mais caro da história do futebol e as obras, pelos vistos, ainda não terminaram. As facturas estão a chegar e as pessoas sentiram.
Entretanto, Neymar vai dando um espectáculo nos relvados para o mundo inteiro, com pessoas à porta a incendiar veículos da imprensa, como crítica à forma como têm sido cobertos os acontecimentos no país.
Pelé, o nome brasileiro incontornável do futebol mundial, fez perceber mais uma vez que a sua linguagem era mesmo apenas e só a da bola. Li num tweet brasileiro que depois do comentário de Pelé sobre as manifestações: «Vamos apoiar a seleção nacional. Vamos esquecer a confusão, esquecer os protestos»,  que só não podia faltar o Master Card. Polga, que entrevistei recentemente, disse-me que as pessoas têm todo o direito de se manifestarem, mas que deviam pensar na imagem que estavam a dar do Brasil para o exterior.
Carlos Drummond de Andrade, que deu o prazer ao futebol de dedicar umas prosas, como só ele tinha o dom de escrever, em homenagem ao futebol, disse uma vez: «A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca.» Não creio que estivesse a referir-se aos brasileiros. Não aos que estão na rua a impedir que se propague o caos, mas que o Governo ouça que assim não dá mais. Afinal de contas, por que razão as insígnias do Brasil serão Ordem e Progresso?
08
Jun13

A importância de se ser turco

Pedro Figueiredo

Ficou famosa a expressão Ich bin ein berliner quando Kennedy a proferiu em 1962, em Berlim, pouco tempo depois de ter sido erguido o muro. O discurso ficou na história como um dos melhores do então presidente dos Estados Unidos porque simbolizava o orgulho de pertencer ao lado livre do mundo.


Os incidentes na Turquia foram despoletados por um protesto contra a construção de um projecto imobiliário na praça Taksim, que levaria à destruição do parque Gezi. O que começou com menos de uma centena de pessoas, acabou com praticamente todo o país envolvido. No entanto, Taksim parece ter sido apenas a gota de água.


A herança de Ataturk marcada pela laicidade equilibrada do Estado de que tanto se orgulham os turcos, sobretudo por se tratar de um país muçulmano, estava a ser manifestamente colocada em causa por leis aprovadas que interferem com a liberdade individual sem estar em causa o superior interesse do país.


Afinal de contas, qual é o problema das hospedeiras de bordo andarem de lábios e unhas pintadas durante o serviço? Ou de se venderem bebidas alcoólicas a menos de 100 metros de uma mesquita? Ou desde quando é que manifestações públicas de afecto são consideradas imorais?
Há sempre um momento em que o copo fica cheio. Tão cheio que basta um protesto inócuo contra um projecto imobiliário para acender o rastilho de um Bósforo incandescente. Curioso é que o primeiro-ministro, Recep Erdogan, tem sido democraticamente eleito. Desde 2003, partido (AKP) agora com maioria parlamentar. Depois dos protestos, onde fica a legitimidade?

Somos todos turcos. Uns mais do que outros, é certo. A avaliar pela última manifestação de 1 de Junho do movimento "Que se lixe a Troika", que coincidia com outras a nível nacional e internacional, Portugal está no bom caminho. Aguenta-se tudo neste país.

Dizia uma mulher entrevistada por um canal de televisão que Passos Coelho, ao ver as imagens da Alameda, só podia estar rir-se do resultado. É verdade. Até um dia aparecer um qualquer projecto imobiliário que transborde o copo nacional.


01
Nov12

A Democracia... essa coisa difícil de perceber...

sara marques

Constantemente me surpreendo com declarações de políticos, e não só, sobre o que "cabe" ou não no direitos dos cidadãos num sistema democrático e sobre o constitui um ataque a esse mesmo sistema. Muitos dizem que a democracia está em risco, mas as agressões que são cometidas contra a democracia, são, em meu entender, características do próprio sistema.

Senão vejamos:

Definição do dicionário:

Democracia: (nome feminino) Sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade.

Democracia representativa: Situação político-administrativa em que o povo governa através de representantes seus, periodicamente eleitos


O que se tem dito...

D. José Policarpo sobre as manifestações... sim, de novo... (ouvir minuto 37)

Rui Rio sobre a liberdade de expressão

Aguiar-Branco sobre os comentadores políticos

Pedro Passos Coelho sobre o PCP


Em termos de citações, fico-me por Winston Churchill:

“A democracia é o pior regime, exceptuando todos os outros.”

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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