Mas que presidente impressionante
Cavaco Silva não cede a pressões. Não cede em 2014, tal como não cedia em 2013, tal como não cedia em 2012, etcætera, etcætera... Não cede, ponto final. Não é pressionável. "Ninguém me pressionará sobre essa matéria, é uma questão de grande relevância nacional e eu atuarei de acordo com o interesse nacional, não vou reger-me, não tenham dúvidas, por qualquer palpite, venha daqui ou de acolá" declarava o senhor Presidente desta república à beira-mar plantada aquando do Orçamento de Estado para 2013. Era um assunto mui relevante e atuou de acordo com o interesse nacional. Daí ter promulgado um orçamento que mais tarde se veio a concluir que era ilegal. Mas adiante, que há novos orçamentos e cenas orçamentais para aprovar. Há dias, o douto Aníbal voltou a repetir a sua máxima: "Decido sem ter em mínima conta a pressões vindas da Esquerda, da Direita ou do Centro. É assim que decido sempre em relação a estas matérias e continuarei a decidir no futuro". Tipo, seus manhosos da Esquerda, da Direita ou do Centro (Capucho?), baixem lá a bolinha, que os vossos apelos não passam os portões do Palácio de Belém. Vozes de burro não chegam ao céu & tal. Cavaco tem os seus pareceres secretos e com os pareceres secretos tomará decisões. E os seus pareceres secretos dizem a sua excelência para não quebrar a tradição e para deixar passar a nova Contribuição Especial de Solidariedade. É preciso ser solidário com aqueles que mais sofrem, como o XIX Governo Constitucional. Bom, para fiscalização preventiva não foi, ou seja, promulgada será. E à Rua do Século irá parar, quer o Aníbal e os seus pareces estejam para aí virados ou não. Mas o que importa é que o presidente não é pressionável. Não cede a pressões, é um tipo de ferro, ultra-resistente, dono da razão, nunca se engana e raramente tem dúvidas. Não é influenciável, não aceita pressões, venham elas donde vierem. Não o pressionam os partidos, os deputados, os sindicatos, os autarcas, as universidades, as associações, os constitucionalistas e outros juristas. Não toma em consideração a opinião de outrém. O povo da República não o pressiona. Não há grito, berro, declaração, palavra d'ordem, manifesto, protesto, greve ou manifestação que o pressione. Não importa que o façamos, o impressionável Cavaco sempre decidirá como acha que tem que decidir, sem dar cavaco a ninguém.
Face a isto, a pergunta impõe-se: para que raio nos serve um presidente que nunca é pressionável? Isto é, por que motivo elegemos como Presidente da República alguém que aparentemente nunca ouviu, ouve ou ouvirá a população do seu país quando toma uma decisão?