Dos procedimentos normais
"Quanto ao pagamento de quotas por terceiros a militantes, o dirigente nacional desvalorizou, dizendo que esse tipo de pagamento “está tipificado”. E recusou mostrar os comprovativos de pagamento por estar em causa o direito ao “sigilo bancário”", diz Miguel Laranjeiro, o secretário nacional com os pelouros da Organização, Administração e Finanças. Mas camarada, permita-me: não creio que esteja bem a ver gravidade da questão. Percebo que do seu ponto de vista sejam só mais umas quotas que entram para os cofres pagas por outrem (e nalguns casos, pelo além). Mas a mim preocupa-me um outro ponto bem mais grave: no que se percebe da situação presente do PS de Braga, as quotas foram pagas por terceiros totalmente desconhecidos dos militantes em questão e à revelia dos mesmos. Se é relativamente normal haver militantes com quotas pagas por outros cidadãos que não os próprios, é deveras anormal que alguém veja as suas dívidas ao partido pagas por anónimos. Tal situação levanta a questão óbvia, que não vejo apoquentar o ainda secretário nacional: como é que estes "terceiros" desconhecidos dos militantes em causa tiveram acesso aos seus dados de pagamento? Como é que um perfeito estranho consegue aceder e utilizar o número de militante de um filiado no Partido Socialista? É prática comum em Braga as informações sobre os militantes circularem assim por anónimos sem qualquer autorização prévia? Mais que o "direito ao sigilo bancário" de quem obviamente não se preocupou quando quis fazer o que é aparentemente uma "doação anónima", o Miguel Laranjeiro não está preocupado sobre de que forma é que estes estranhos benfeitores puderam ter acesso aos números de militantes em causa? Ou isto é banal e "tipificado"? "Desvaloriza"? Os nossos dados de filiação no PS circulam assim em mãos alheias e o secretário nacional responsável nem uma declaração faz, nem um processo manda abrir? Isto é normal?