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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

22
Abr13

Saga "A Igreja Universal do Reino de Miguel Gonçalves"

Cláudio Carvalho

«É um mito muito grande as pessoas dizerem que não há trabalho.»

«Nós temos identificados os principais motivos pelos quais as pessoas estão desempregadas. (...) O primeiro é o de pessoas que não pensam bem o mercado, que têm um erro de análise tremendo. São pessoas de direitos que se esquecem dos seus deveres e esperam que as empresas as convidem a juntar a elas. Estão permanentemente à espera que os outros lhes resolvam o problema. Isto acontece, não é um mito, é real. Tenho a caixa de correio cheia de exemplos destes. Depois, tens pessoas que se formaram numa área que neste momento desapareceu. Supõe, engenheiros civis, professores de português-alemão, professores de história. Pessoas que vendem um produto no mercado e que não têm absorção. Estás a vender uma televisão a preto e branco quando o mercado compra televisões a cores.»

«Não considero que o problema é teu, considero que a solução é tua. É muito diferente. Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.»

«De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são as milhares.»

«Percebo que as pessoas olhem para mim e digam: “Este tipo não é sensato. Está a dizer que os desempregados estão sem trabalho porque querem”. Não é isso que eu digo. Digo que muitos estão desempregados porque querem, outros porque não querem trabalhar, outros porque não sabem o que é preciso para trabalhar, outros porque têm muito talento mas não sabem mostrar ao mercado que têm talento.»

«Nas universidades, o que vês é que as pessoas estão com muito medo, porque vêem demasiada televisão.»

 

As alarvidades podem ser todas lidas, in loco, aqui http://www.ionline.pt/portugal/miguel-goncalves-ha-muita-gente-portugal-nao-trabalha-porque-nao-quer. Confesso que perdi toda e qualquer vontade de defender o que quer que seja proferido por este indivíduo. Nem vale a pena, perder muito tempo a desconstruir o pobre argumentário de conversas de tasco a transbordarem para os jornais. Estou francamente cansado desta gentalha. Pim!

03
Abr13

Das odes à precariedade à defesa acirrada do imobilismo do statu quo

Cláudio Carvalho

Quanto a isto, apesar de já ter escrito ontem, vale a pena reiterar que me sinto na zona equatorial entre dois lados, diria dois polos: entre o polo do grupo que aglomera os risíveis contorcionistas que procuram desculpabilizar - da forma mais disparatada possível - as infelizes declarações proferidas pelo Miguel Gonçalves e os fanáticos do utilitarismo, do racionalismo ao absurdo e do individualismo metodológico e o polo do outro grupo que congrega os que negam qualquer ponta de influência positiva do individualismo - alguns parecem mesmo querer ignorar a sua associação biológica -, os que convivem bem com um certo imobilismo e oportunismo do meio académico e com o corporativismo de algumas classes profissionais. Aqui, darei o desconto àqueles que, de um polo ou de outro, procuram capitalizar a discussão partidariamente ou que têm apenas “tiradas infelizes”, por exemplo, trazendo para a discussão a pessoa de Relvas. Isso não interessa para o caso e só ridiculariza automaticamente a crítica do próprio emissor.

Se é verdade que concordo com a crítica ao discurso exacerbado à volta do empreendedorismo, da responsabilização individual e do utilitarismo e, ainda, se me preocupa os que se aproveitam indignamente da "especulação" à volta da promoção do autoemprego, também me revolta o discurso extremado da socialização de todas as responsabilidades, a distorção oportunista do empreendedorismo, esquecendo que este assume várias formas para lá da criação do próprio emprego e confesso-me desiludido por subsistir uma certa visão socialmente conservadora, imobilista, e ausente de qualquer sensibilidade pragmática para procurar resolver problemas socioeconómicos e institucionais concretos (faz-me lembrar isto).

 

03
Abr13

O vendedor de pipocas

mariana pessoa

Não me vai ser fácil escrever sobre o vendedor de pipocas Miguel Gonçalves (MG). Cada vez que ouço alguém falar dele, vem-me sistematicamente à cabeça uma expressão de Max Weber : “especialistas sem espírito”. MG é a vacuidade e a liquidificação de tudo o que pode ser mais corpóreo, mais consistente, mais coriáceo. Tudo o que não seja superficial, tudo o que não seja rápido, não tem valor. Só há um valor: o valor de mercado. A mercantilização do eu.

 

Hoje atingiu um novo mínimo histórico: convidado por um Ministro de Estado de um Governo eleito, que detém nas suas mãos a minha vida, a nossa vida, a vida do Miguel - ele responde do alto da sua inocuidade: “eu não percebo nada de política”. E só faltou verbalizar: “nem quero saber”. (Descontemos o facto de o Ministro em causa ser Miguel Relvas. É um Ministro de Estado, ponto).

E esta, para mim, foi a última gota. Porque é de uma irresponsabilidade enorme alguém que tanto tem visto abertas as portas de instituições de ensino superior, para falar aos seus rebanhos sobre como ‘bater punho’ é um estilo de vida tão super-hiper-mega-uau, tenha o desplante de afirmar isto.

E, assim sendo, aqui vai o porquê de considerar Miguel Gonçalves não apenas uma vacuidade idiota, mas também o representante de uma ideologia que hei-de combater com todas as minhas forças enquanto andar pelo Ensino Superior.

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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