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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

23
Set14

Na lama

Sérgio Lavos

O meu primeiro trabalho foi um emprego de verão aos 13 anos, numa carpintaria, e ganhei dez contos.

Entre os dezasseis e os dezassete anos, trabalhei durante o Verão como paquete num hotel, e o meu ordenado mensal era 100 contos.

Entre 1998 e 1999, ganhava 85 contos trabalhando numa livraria que já não existe, em Campo de Ourique.

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho não se recorda se, entre 1996 e 1999, ganhou 5000 euros por mês como consultor da Tecnoforma, e também não se lembra se pediu de facto um subsídio de exclusividade ao parlamento, demonstrando, através das declarações do IRS, que não auferia qualquer rendimento regular para além do de deputado. Por isso, pediu à sra. Procuradora-Geral da República (convenientemente já nomeada por este Governo) que o ajudasse a recordar aquilo de que ele não se lembra, e sabendo que o pedido poderá nem ter maneira de ser satisfeito. Este súbito ataque de Alzheimer não é mais do que uma manobra de diversão, usada para não se comprometer com mais uma mentira. Os outros que mintam por ele, como aconteceu com o secretário-geral do Parlamento ao emitir uma declaração que garantia que Passos Coelho nunca pedira o regime de exclusividade. 

Passos Coelho está a ir ao fundo, penosamente, e por sua vontade várias instituições vão sendo enlameadas no processo. O pior primeiro-ministro da história da democracia não vai ter um bom fim. Isso é certo.

23
Set14

Ou/ou

Sérgio Lavos

Podemos dizer, desde há algum tempo, que Passos Coelho vive da mentira, alimenta-se dela, precisa dela para sobreviver politicamente, respira mentindo ou mente respirando. Nada de novo, e apenas se mantém como primeiro-ministro porque a Presidência da República é sede vacante há três anos e meio. Mas a sequência de revelações que se vão sucedendo sobre a Tecnoforma eleva a outro patamar a coisa em forma de assim que lidera o Governo.

A ser verdade esta notícia, tudo indica que Passos ou mentiu ao parlamento quando pediu um subsídio por exclusividade ocultando que recebia da Tecnoforma pagamentos mensais no valor de 5000 euros ou mentiu ao fisco ao não declarar o que recebera da Tecnoforma para poder usufruir do subsídio de exclusividade parlamentar. No limite, ludribiou o parlamento e o fisco, ocultando a ambos o dinheiro que recebia da empresa. 

Para cúmulo, ao passar a responsabilidade do esclarecimento para o Parlamento, manchou mais uma instituição nacional. A rápida declaração do secretário-geral, certificando a inexistência do regime de exclusividade do deputado Passos Coelho, é inexplicável, e sendo o secretário militante do PSD, apenas se compreende a sua mentira como frete feito ao primeiro-ministro. O problema é que o fez em nome de uma instituição que representa todos os partidos e todos os portugueses. Para não ser acusado de mentir, no fundo Passos pediu ao parlamento que mentisse. Sem palavras.

Se tudo isto não é uma vergonha nacional, não sei o que possa ser. A mentira, a ocultação e a fraude fiscal podem ter prescrito. Mas se esta sucessão de mentiras não dá direito a demissão, então será mesmo impossível saírmos do buraco em que nos metemos. 

04
Ago14

A mentira como modo de vida

Sérgio Lavos

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal:

3 de Julho de 2014 - “A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital. O Banco de Portugal tem vindo a adotar um conjunto de ações de supervisão, traduzidas em determinações específicas dirigidas à ESFG e ao BES, para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não-financeiro do GES.” 

 

10 de Julho de 2014 - O Banco de Portugal voltou hoje a afirmar que o Banco Espírito Santo (BES) está sólido, no dia em que os receios em torno da situação no Grupo Espírito Santo (GES) se adensaram e contribuíram para penalizar os mercados europeus.

 

15 de Julho de 2014 - Governador do Banco de Portugal volta a garantir que o Banco Espírito Santo está sólido e que não há risco sistémico.

 

18 de Julho de 2014 - O governador do Banco de Portugal assegura que o BES está sólido.

 

Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças de Portugal:

17 de Julho de 2014 - "Não estamos a preparar a recapitalização do BES. Nada da informação que temos indica que a recapitalização pública seja necessária" 

 

Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal:

24 de Junho de 2014 - O Primeiro Ministro diz que os problemas de grupos privados com o Espírito Santo não são responsabilidade do Estado. Passos Coelho reagiu assim às notícias que dão conta de que Ricardo Salgado tinha pedido ajuda ao Governo.

11 de Julho de 2014 - «Não há nenhuma razão que aponte para que haja uma necessidade de intervenção do Estado num banco que tem capitais próprios sólidos, que apresenta uma margem confortável para fazer face a todas as contingências, mesmo que elas se revelem absolutamente adversas, o que não acontecerá com certeza.» 

 

Cavaco Silva, presidente da República Portuguesa:

21 de Julho de 2014 - "O Banco de Portugal tem sido categórico a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem na parte não-financeira, mesmo na situação mais adversa."

 

E é assim, estamos entregues a esta gente.

09
Jul14

...

mariana pessoa

"Enquanto nós tratarmos os portugueses como se não soubessem raciocinar e como se não merecessem o nosso respeito não daremos um bom exemplo sobre como podemos construir um futuro melhor" (Passos Coelho, 16 de Maio, 2011)

 

 

Expresso Diário, 8.07.2014

17
Abr14

Para que não se criem ideias que não são corretas

Nuno Pires

  

"Muitas vezes diz-se ‘mas só agora é que estão a prestar atenção aos consumos intermédios? O que andaram a fazer nestes três anos?’ Em 2010 gastávamos 8,9 mil milhões de euros em consumos intermédios. Essa fatura baixou em cerca de 1,6 mil milhões de euros."
(Pedro Passos Coelho, numa "entrevista" à SIC esta semana)

 

Sobre a alegada "entrevista", não vale a pena pronunciar-me. A Mariana, recorrendo a uma imagem, explicou tudo.

 

Mas há certas "incoerências" (e aqui estou a ser muito simpático) que não devem passar incólumes, sob pena de, como disse Passos Coelho, deixarmos que se criem ideias que não são corretas. "As pessoas repetem e depois pensa-se que é verdade", disse ele.

 

Pois. Mas a verdade, que pode ser repetida livremente, é que, como escreve hoje o Jornal de Negócios, nos últimos três anos os consumos intermédios tiveram "uma contracção de 1.634 milhões de euros. A maior variação anual ocorre em 2011, com uma quebra de mais de mil milhões de euros. Grande parte dessa correcção deveu-se ao registo em contabilidade nacional dos submarinos "Arpão" e "Tridente".

 

Como? É que a compra dos submarinos foi contabilizada em 2010, engordando em 880 milhões de euros a factura com consumos intermédios. No ano seguinte, como se tratou de uma despesa irrepetível, esses 880 milhões desapareceram automaticamente, dando uma ajuda preciosa ao número apresentado por Passos.

 

Excluindo essa operação extraordinária, o Governo cortou até agora 754 milhões de euros em consumos intermédios."

 

A um Primeiro-Ministro exige-se mais do que apenas um penteado arranjado e uma voz de barítono.
De um Primeiro-Ministro espera-se que seja capaz de construir frases percetíveis e gramaticalmente corretas.
Um Primeiro-Ministro, em particular nos tempos desafiantes que atravessamos, não pode ter o escandaloso nível de confusão mental que foi revelado, uma vez mais, esta semana, na referida "entrevista".

 

Mas infelizmente para todos nós, Pedro Passos Coelho não só revela lacunas que são inadmissíveis a qualquer pessoa que ocupe um cargo de responsabilidade, como faz questão de somar a estas falhas um conjunto de mentiras, cuja perceção é óbvia, sempre que se dirige ao país.

 

(também aqui, pelo Rui Cerdeira Branco, no Facebook)

 

 

13
Mar14

O insuportável fedor da mentira

Sérgio Lavos

É preciso relembrar, tantas vezes quantas for necessário, o que dizia Passos Coelho candidato, comparando com o que fez quando se alçou ao pote. Em Abril de 2011, depois do chumbo do PEC IV e já em campanha para as legislativas que viria a ganhar, disse o candidato:

"Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro", afirmou Pedro Passos Coelho, no encerramento do fórum de discussão "Mais Sociedade", no Centro de Congressos de Lisboa.

O PSD quis "vasculhar tudo" para ter contas bem feitas e, "relativamente a tudo aquilo que o Governo não elucidou bem", procurou "estimar", preferindo fazê-lo "por excesso do que por defeito", referiu.

"Não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro, mas temos de ser efectivos a cortar nas gorduras", completou Passos Coelho."

Mas o mundo mudou, e logo em Junho desse ano, mal tinha o Governo tomado posse, o primeiro-ministro veio anunciar o corte de 50% do subsídios de Natal de todos os portugueses. A partir de 2012, acelerou-se o processo de passagem de dezenas de milhar de funcionários públicos para a requalificação e começaram as rescisões por mútuo acordo. No orçamento desse ano apareceram os primeiros cortes nos salários dos funcionários.  O Tribunal Constitucional foi aprovando estas medidas avisando que teriam de ser provisórias, isto é, teriam de durar o tempo que durasse o memorando de entendimento. Este aviso é explicitado nos ácordãos sobre a constitucionalidade dos orçamentos de Estado de 2012 e 2013. A somar a estes cortes e a estes despedimentos (recorde-se que Passos chegou a tentar tornar legal o despedimento sem justa causa no Estado, pretensão chumbada pelo TC), tivemos cortes em pensões, que o Tribunal também aceitou apenas depois do Governo ter garantido que seriam transitórios. Na realidade, e como se veio a provar, o Governo não tem feito outra coisa a não ser enganar o Tribunal Constitucional (e os portugueses) e prepara-se para tornar definitivos os cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões:

"Os cortes em salários e pensões que o anterior ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou como “temporários” vão durar muito tempo, deixou cair ontem Pedro Passos Coelho. O valor destes rendimentos terá, seguramente, de ficar “indexado” ao andamento da economia e ao cumprimento das regras orçamentais, que exigem excedentes orçamentais e redução persistente da dívida pública durante os próximos 20 anos. São cortes “para o futuro, não para todo o sempre”, disse."

O que era temporário passa a ser temporário por tempo indefinido, o que na prática significa que os cortes se tornaram definitivos, sobretudo quando for publicada a nova tabela salarial da função pública. Resumindo: Passos Coelho tem persistido na mentira desde que começou a cheirar o poder. Com uma dedicação patológica. Mentiu a todos antes das eleições, mentiu ao Tribunal Constitucional já como primeiro-ministro, e continua a mentir agora, quando afirma que os cortes serão "temporários" por tempo indefinido. O rendimento de pensionistas e funcionários públicos em dois anos já levou cortes que chegam aos 40%, para os primeiros, e 30%, para os segundos. Imagino que o "sucesso do programa de ajustamento" também passe por aqui: a verdade enquanto categoria moral era sobrevalorizada e acabou por ser reajustada. Da palavra de Passos emana um fedor insuportável. Passou a valer menos, muito menos, que nada. 

22
Set13

Incorrecção Factual

David Crisóstomo

Ministro responde em comunicado ao BE:

'Ah escrevi SNL? Foi? Não me diga! Ora bolas, que chatice, eu queria ter escrito BPN, 'tá a ver? Epa, desculpe, mea culpa, troquei uma troika de consoantes por outra, acontece, a idade não perdoa, 'tava distraído, estávamos em 2008 e havia um abalozinho da crise internacional que nos abanou a todos e eu, abanado, abandalhei na carta que enviei a pedir que não me aborrecessem muito. Que aborrecimento. Mil perdões. Agora, pelo amor da santa, não é preciso exagerar, sim? Pedir a minha demissão?! Oh por favor, que dramáticos, tanta e tamanha podridão vai nessas mentes. Sois tão desproporcionaidos e despropositados. Foi só uma incorrecção factual, até parece que menti, enganei ou ludibriei a Assembleia da República. Tudo não passou dum simples lapso de memória, nada de mais, acontece muito no Ministério das Finanças. Estão chateados, eu percebo, também estaria, mas não dramatizemos. Em todo aquele papelito só cometi uma incorrecção factual, só uma, vejam lá. Isto de ser factualmente incorrecto acontece aos melhores, ok? E não sejam caluniosos. Aliás, já pedi ao Luís Montenegro para elaborar umas queixas para todos aqueles que me apelidarem de mentiroso, que eu não admito isso pá. Bom, concluindo, era do BPN que eu me estava a referir, nunca tive acções daquilo, nada, niente, zero, nunca toquei nessas, jamais, que nodja, eram tóxicas, tipo os swaps, aqueles que a Maria Luís também nunca tocou e/ou deu pareceres. Nunca fui accionista do BPN, era isso que eu queria dizer aos senhores mui prezados deputados da comissão parlamentar. Aliás, nem poderia, que o BPN tinha um só accionista. Uma tal de SNL. Bom, moving on, do BPN não tive acções, apenas tive umas da SNL, no biggie. Vá, não me chateiem mais que se faz tarde. Zacatraz!' 

 

26
Jul13

Mente-me que eu gosto

Pedro Figueiredo

 

- Ó senhor professor, mentir ao Parlamento é uma coisa extremamente horrível, não é?

- É.

- Portanto devia ser proibido...

- Exacto.

- Mas a ministra podia fazê-lo?

- Podia.

- E o que é que acontece?

- Nada.

- Estava a ir contra a lei?

- Estava.

- E como é que a lei a pune?

- De maneira nenhuma.

- Isso não é um bocadinho incoerente?

- Ssschiuu.

13
Nov12

Devolver a credibilidade, parte 2

Nuno Pires

aqui me tinha referido brevemente à malabarice dos discursos sobre a “devolução da credibilidade” e o “reconhecimento dos mercados”, com que o Governo nos tem tentado distrair, chamando a si o mérito por algo que, ao que parece, ninguém fora de São Bento consegue vislumbrar.

 

Hoje foi a vez da Reuters escrever sobre Portugal. E as conclusões não poderiam ser mais esclarecedoras:

 

 

03
Nov12

Devolver a credibilidade

Nuno Pires

Até quando é que os membros deste Governo (e seus apoiantes) vão continuar a encher-nos os ouvidos com teorias fantasiosas sobre uma suposta “devolução da credibilidade externa”, a “melhoria da reputação junto dos credores” e outras falsidades idênticas?

 

Uma mentira não se torna verdade por ser repetida até à exaustão. Os verdadeiros resultados da governação “além da Troika” estão (cada vez mais) à vista.

 

(Imagem: recorte da edição de hoje do Diário de Notícias)

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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