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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

09
Set14

O primeiro round Costa/Seguro

Sérgio Lavos

O primeiro debate entre Seguro e Costa para as primárias do PS valeu sobretudo pelo pós-jogo. Meia-hora de amena discussão entre camaradas (fui apenas eu que me irritei com os "tus" que Seguro tantas vezes atirou a Costa?) seguida de uma série de painéis de comentadores em todos os canais noticiosos. Isso sim, foi o verdadeiro espectáculo. Um espectáculo de spin, vacuidade e desonestidade intelectual. Fazendo zapping entre os diversos canais, rapidamente se chegou a uma conclusão: teria sido mais honesto convidarem Passos Coelho ou Paulo Portas para comentarem o debate entre candidatos do PS do que termos ali os megafones governamentais do costume, de Henrique Monteiro a Martim Avillez Figueiredo, passando por um ou outro desconhecido com vontade de se pôr em bicos de pés.

Isto é grave? Gravíssimo. Porque se é verdade que António Costa desiludiu, mostrando menos do que deve e pode, e Seguro confirmou as suas credenciais, reduzindo a sua prestação ao ataque pessoal e à lamúria constante por estar a ver fugir o poder quando estava mesmo ao seu alcance, o jornalismo prestou um serviço ainda pior ao país, limitando-se a ser eco de um sensacionalismo que perpetua os piores vícios da política portuguesa. 

Exemplos? Quase todos os comentadores criticaram Costa por não falar das suas propostas. Este explicou a Judite de Sousa mais do que uma vez porquê: não é este o tempo, porque o programa de Governo será preparado com o resto do partido e apenas se, claro, ganhar as primárias. Seguro, de acordo com estes comentadores, terá ganho porque prometeu coisas (nomeadamente, prometeu demitir-se caso não consiga deixar de aumentar impostos - isto não é uma piada). Relembremos o que temos agora, neste momento: um primeiro-ministro que ganhou eleições prometendo coisas que não só não concretizou como sabia não poder concretizar quando as prometeu. Somos governados por um primeiro-ministro (e um vice-primeiro-ministro, já agora) que mentiu e mente reiteradamente daí retirando vantagens políticas, um primeiro-ministro que traiu grande parte do seu eleitorado. Acaso vemos algum destes comentadores criticando o que tem sido este percurso de trapaça seguido por Passos Coelho? Não, nunca. Mas criticam António Costa por não querer prometer algo já, enquanto ainda nem sequer é candidato a primeiro-ministro. 

A verdade é que o jornalismo em geral e os comentadores em particular não gostam da contenção, do realismo e da sobriedade em política; preferem o sensacionalismo, o populismo e os soundbites para enganar eleitorado. De cada vez que um destes comentadores repete que Costa não tem propostas concretas (quando, goste-se ou não, existe um programa de candidatura repleto delas, quando Costa anda há anos a repetir as suas ideias num programa televisivo, quando existe obra feita na maior câmara do país), morre um unicórnio e fenece a réstia de seriedade que ainda possam ter. Mil vezes um Marques Mendes, que já sabemos ao que vem, do que um esconso Henrique Monteiro vomitando o seu habitual spin. Temos os políticos que merecemos, aqueles que este mundo de jornalismo e comentadorismo sensacionalista eleva aos píncaros. Depois, não se queixem.

24
Mar14

O tiro pela culatra

Sérgio Lavos

A RTP tem de decidir-se. Ou mantém o formato de comentário semanal com Sócrates e Morais Sarmento, e então aquilo a que ontem assistimos foi uma deturpação desse formato, ou transforma os espaços semanais em entrevistas aos comentadores, o que é um absurdo formal que seria completamente inaudito.

Ainda assim, Sócrates saiu-se bem, melhor ainda do que na entrevista inicial quando regressou à RTP. Apesar da mal disfarçada agressividade de Rodrigues dos Santos - que contrasta vivamente com as várias entrevistas feitas a Passos Coelho desde que este é primeiro-ministro - o antigo primeiro-ministro soube estar à altura, esclarecendo as contradições entre o que disse antes e o que diz agora. 

E por falar em entrevistas esclarecedoras a políticos: onde pára o programa de perguntas feitas por telespectadores que, estranhamente, apenas teve uma emissão, dedicada a Passos Coelho? Aquilo que não passou de uma vergonhosa sessão de propaganda governamental na televisão pública não teve continuidade, ficando por entrevistar os outros líderes partidários. Não quero acreditar que o canal público, ameno nas conversas que tem mantido com o primeiro-ministro e feroz nos programas de comentário de José Sócrates, queira ser, no fundo, não mais do que um veículo de propaganda governamental. E a independência prometida por Maduro (não o venezuelano, mas o Poiares da propaganda)? Veremos o que o futuro nos trará. Mas não esperemos demasiado. 

 

19
Jul13

Sugados para o buraco

Pedro Figueiredo

ITC2013@


Os jornais sempre foram um das pedras basilares de uma sociedade. Por variadíssimas razões que não vale a pena aqui aprofundar. São o fiel de uma balança que se quer equilibrada, com o papel que lhe cabe no regular funcionamento da vida de um país livre. Ou mesmo com censura, já que a história do jornalismo português tem muitos e felizes casos de jornalistas que conseguiam enganar o lápis azul e informar o que era preciso com uma arte e um engenho só alcance dos mais capazes.


A vida dos órgãos de comunicação social, à semelhança do que se passa, de resto, na quase totalidade do país, não está a passar pelos seus melhores dias. Especificamente nos jornais, cujas vendas decaíram na quase totalidade dos títulos, já por si a braços com um aumento significativo do preço do papel. Cortam-se nas sobras e o número de vendas desce na mesma.


A questão é se isso é suficiente para originar uma quebra na qualidade do produto vendido, designadamente na qualidade do jornalismo que é feito em Portugal.


O Jornal de Notícias já tinha sido, em 2012, o título que maior quebra nas vendas havia registado, em termos percenutais. O Correio da Manhã perdeu mais compradores que o JN, mas a queda mais significativa foi mesmo do jornal com sede no Porto.


As recentes manchetes do JN são um verdadeiro tiro no pé em termos editoriais. São escolhas, como outras quaisquer, mas que não deixam de sofrer as consequências como qualquer outra decisão tomada.


O jornalismo português saiu a perder. Há uma certa vertigem pelo buraco por parte do JN que acaba, quer se queira quer não, por manchar o que muitos consideram ser o quarto poder, a padecer dos mesmos males que os restantes três. Sai a perder o jornalismo português e mais concretamente o Norte. Depois de fechar o Comércio do Porto e do Primeiro de Janeiro estar como está (quem ainda não viu as primeiras páginas do PJ...), o JN era - e ainda continua a ser, vamos é ver por quanto tempo - o porta-estandarte da imprensa escrita a Norte. Sem ninguém atrás.


O mais curioso é que estas manchetes do JN surgem precisamente no momento em que Germano Silva, jornalista do Porto e do JN há mais de 50 anos, ganha o prémio Gazeta de Mérito.


O trabalho nas redacções já é difícil o suficiente para se esbanjar créditos de forma tão brejeira, que afecta inevitavelmente a credibilidade construída ao longo de muitos anos e muitas vezes à custa de enormes sacrifícios.

03
Mar13

"É verdade que não estou preparado para arranjar emprego para os amigos" -- Passos Coelho (#1 Rudolfo Rebelo)

mariana pessoa

O PM de Portugal, a 15 de maio de 2011.

Na passada 6ª feira, 1 de Março, João Miguel Tavares identifica o décimo (leram bem, o décimo) jornalista da redação do Diário de Notícias para cargos de nomeação directa no actual Governo (ver abaixo).

Estou certa de que tudo não se tratará de uma coincidência. Mas a verdade é que, por menos coincidências, houve intervenções no Parlamento Europeu e falou-se de asifixia democrática. Claro que isto é completamente diferente. Completamente diferente. O facto de Rudolfo Rebelo, por exemplo, em 2008, escrever esta gracinha, ou esta, ou esta, não tem, naturalmente, qualquer relação com a sua transferência para o Governo.

E como nada dura para sempre, aguardo pelo dia em que Rudolfo Rebelo ou os outros 9 génios (parabéns à Controlinveste, devem ter uma cantera melhor que a do Barcelona) regressem aos jornais. E que falem de forma livre e oh-so-tão-descomprometida do poder em qualquer análise que façam.




31
Dez12

Ana Sá Lopes responde a Henrique Monteiro - o enviesamento de esquerda dos media

mariana pessoa

No seu editorial de hoje (os negritos são meus):

 

A história do senhor Baptista da Silva serviu para algumas pessoas avançarem com um conjunto interessante de teorias de conspiração sobre os média em geral – cuja falta de adesão à realidade é tão grosseira como o currículo do senhor Baptista da Silva. A primeira dessas teorias surgiu pela primeira vez, curiosamente, dentro do próprio grupo Impresa. Henrique Monteiro, que foi director do “Expresso” e hoje desempenha o cargo de director editorial para as novas plataformas, afirmou no seu blogue alojado no site do “Expresso” que a Baptista da Silva tinha sido dado todo aquele relevo (nomeadamente, no próprio “Expresso”) devido a um alegado “enviesamento para a esquerda” da imprensa. Escreveu Henrique, pela manhãzinha da véspera de Natal: “Caso o burlão fosse a favor de Passos Coelho e de Gaspar não teria o mesmo eco. Isso deve-se, a meu ver, a duas causas distintas. A primeira, é porque a imprensa tem, no geral, um enviesamento para a esquerda”. O “Expresso” rejeitou a crítica do seu antigo director. Na nota publicada na edição de sábado a direcção escreve que “há um ponto que o “Expresso” se vê obrigado a refutar e que tem a ver com as leituras políticas que, inevitavelmente e de forma primária, surgiram. Em momento algum o “Expresso” deu mais importância a algum tipo de opinião sobre a situação económica do país em qualquer dos seus cadernos ou no “Expresso da Meia Noite”. Era natural que a direcção do “Expresso” se procurasse defender do ataque do seu antigo director (replicado por outros também), mas não precisava. Em 40 anos, a instituição nunca teve qualquer “desvio para a esquerda” – nomeadamente no tempo da direcção de Henrique Monteiro. Mas o “Expresso” sente a obrigação de se justificar: “O ‘Expresso’ sempre teve por tradição ter colunistas com opiniões diversas, incluindo na direcção do jornal”. Ao contrário do “enviesamento de esquerda” da imprensa, o que vivemos é um tempo em que até um semanário de meia-idade se tem de justificar de ter alguém que é objectivamente contra as políticas do governo dentro da sua direcção.


O que podemos - e devemos - é interrogarmo-nos sobre o que levou Henrique Monteiro a ter a expectativa de que o Expresso não desse eco a um agente (seja lá ele quem for) que tem um discurso contra as políticas seguidas por este Governo. Mas não surpreende ninguém, pois não?

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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