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Out12
Lucidez no desespero
Pedro Figueiredo
Às vezes, é no meio de um turbilhão absolutamente triturador, que acontecem verdadeiros milagres. Momentos de lucidez fruto de um desespero impossível de disfarçar. António Saraiva, presidente da CIP, também denominado patrão dos patrões - expressão que sempre achei curiosa - foi o convidado de José Gomes Ferreira há 15 dias. Um dos temas, naturalmente, abordados na entrevista foi a taxa de desemprego (actual e prevista), que tantas dores de cabeça está a causar, por ter das consequências mais imprevisíveis que uma política mal conduzida (ou mesmo falta de uma) pode gerar. Não há cenários macro-económicos que consigam avaliar a reacção das pessoas atingido o limite máximo de uma taxa de desemprego. Esse limite não só varia de país para país, como a própria reacção também.
O desemprego é, portanto, uma preocupação - ou devia ser - comum a todos. António Saraiva explicou que o ministro da Economia tem reunido recentemente não só com a CIP mas com outros parceiros sociais, para todos juntos, poderem chegar a uma espécie de solução de compromisso (se tal for possível). Ao fim de um ano e meio de governação, isto é um raio de lucidez no meio do desespero que tem sido este executivo de coligação. Não se sabe do que vai sair destas reuniões. Pode até ficar tudo, como de costume, em águas de bacalhau. Tudo vai depender de como estão, cada um dos intervenientes, comprometidos ao ponto de poder chegarem a um consenso. E consensos são precisos. Daqueles que em cada uma das partes cede às outras. Compromissos. Ponto final.
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