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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

11
Jan15

Pastoral, a resposta

mariana pessoa

Aqui, o meu fellow cenas CRG defende que, face ao que afirmei aqui, "considerar que é potenciado largamente por falta de condições económicas é um salto lógico que não posso acompanhar".

Não precisas de acompanhar, até porque o que afirmei era que "o extremismo medra nas condições de austeridade", não defendi uma relação causa-efeito linear, nem o objectivo era o de minimizar a responsabilização individual destes actos. Dessa forma, não abdico do factor da tomada de decisão individual de quem adere a estes movimentos extremistas. 

A questão, tal como descreveu e bem o nosso Sérgio Lavos, reside no facto de que a ascensão de movimentos e partidos explicitamente xenófobos está par a par com o aumento exponencial do desemprego, criando espaço para o argumento de que há falta de emprego por causa dos imigrantes, paredes meias com o racismo e xenofobia. Ora, nesse sentido, estamos a apontar para razões materiais para a ascensão de discursos radicais, colocando em causa a prevalência das sociedades democráticas no projecto europeu. É só ver Le Pen, que demorou apenas o tempo de descer uns degraus para propôr a suspensão do espaço schengen, como se a estes terroristas, nascidos e criados em França, tivesse feito alguma diferença ter de mostrar o passaporte numa qualquer fronteira....

Assim sendo, custa assim tanto acreditar que as consequências sócio-económicas das políticas de austeridade que levaram a um aumento do desemprego estejam associadas a uma vida no ghetto, sem esperança e sem expectativas? E que este vazio de futuro, assim percepcionado por quem não tem nada a perder, seja caldo de cultura perfeito para a disseminação de ideias extremistas? Pelos vistos não - e a economia política tem-se dedicado a este assunto. Está aqui um exemplo: 

Blomberg, S., Hess, G., Weerapana, A. Economic conditions and terrorism. European Journal of Political EconomyVolume 20, Issue 2, June 2004, Pages 463–478

Abstract: We explore the links between the incidence of terrorism and the state of a country's economy. Groups that are unhappy with the current economic status quo, yet unable to bring about drastic institutional changes, may find it rational to engage in terrorist activities. The result is a pattern of reduced economic activity and increased terrorism. In contrast, an alternative environment can emerge where access to economic resources is more abundant and terrorism is reduced. Our empirical results are consistent with the theory. We find that for democratic, high income countries, economic contractions lead to increased likelihood of terrorist activities.

 

 

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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