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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

19
Jul14

Sophia, oh Sophia

Sérgio Lavos

Como foi bonita a recente homenagem a um dos nossos maiores poetas, Sophia. Sophia, um nome só, entoado com a mesma sonora empáfia com que se diz Homero pela presidente da Assembleia da República. Como foi bonito, o corpo morto transportado em direcção ao teu segundo repouso eterno, um corpo guardado por cavalos, pompa e circunstância, cavaleiros de pluma na cabeça, elmos brandindo dourado ao sol. Como foi bonito, os discursos, eivados de poesia, metáforas e grandiloquência escorrendo das frases como mel sobre o doce âmbar da literatura. Como foi bonita, a presença no cortejo das figuras fátuas do regime, do primeiro-mininstro à reformada Assunção, todos muito compostos e sérios (é gente muito séria, esta, sabemos). O país, este país com novecentos anos de História e nove séculos de poesia, levou ao prometido Panteão a nossa maior poetisa, Sophia, apenas um nome, um apenas, a "justa homenagem" a uma figura que transcenderá gerações.

Como também é bonito o facto da poesia de Sophia não estar nos currículos escolares, a poesia tão emotivamente homenageada nos discursos e nas televisões. A poesia de Sophia, pompa e vazio, flor na lapela do casaco dos políticos que a decidiram retirar dos currículos escolares. Como Sophia, oh Sophia, iria gostar da honra, e da glória, em desfavor do desaparecimento, do desconhecimento da geração que se seguirá. A reformada Assunção e o Grande Líder Coelho serão certamente as pessoas certas para levar Sophia (oh Sophia) ao merecido panteão, o sepulcro onde apodrecem os poetas.

Como será bonito também vermos o ministro, Crato de seu nome, responsável por Sophia ter desaparecido dos currículos do Secundário, a homenagear Sophia, e a acabar agora com os dois únicos centros de investigação de Estudos Clássicos do país. Os dois únicos, o de Coimbra tendo como associados a maior helenista do país, Maria Helena da Rocha Pereira, e Frederico Lourenço, seu herdeiro e tradutor da Ilíada e da Odisseia. Sophia (oh, o teu nome é mar) adoraria saber que a sua amada Grécia, o seu amado Homero, são agora considerados obsoletos, redundantes, e indignos de receberem fundos do Estado português. A Antiguidade Clássica certamente não é rentável, já sabemos. Não interessa às empresas, como Coelho e Crato já disseram que deveria ser a investigação financiada pelo Estado. Que pode uma fábrica de enchidos fazer com uma Ode de Píndaro? Que uso uma empreendedora fabricante de um aplicador de Nutella poderá dar a uma tradução de Aristóteles? Nenhum, claro. No novo país que Coelho pacientemente está a construir, não há lugar para o passado, apenas para um radioso futuro.

Sophia, oh Sophia, tu, que do Panteão onde foste posta olhas o país que carregou o teu corpo morto até ao túmulo onde se celebra o vazio, que acharás do apagamento dos teus poemas, que acharás do esquecimento da tua amada Grécia? Sophia, na boca desta escória que agora domina Portugal, o teu nome apaga-se. O pior que te poderiam fazer, fizeram-no. E tudo continua.

24
Jan14

As futuras gerações, a ciência e a Europa

Cláudio Carvalho

Numa altura em que os agentes governamentais falam da necessidade de haver uma particular preocupação com as futuras gerações, como se explica a falta de sensatez das recentes afetações na ciência nacional e as futuras implicações que estas terão no crescimento do produto potencial e, inerentemente, na vida das tais futuras gerações que os agentes governamentais dizem querer proteger? Numa altura em que os agentes políticos - nacionais e europeus - vivem obcecados com o constitucionalismo financeiro, porque é que não existem mecanismos com vista a proteger a ciência e a tecnologia (nacional)? Porque não se implementam procedimentos preventivos e corretivos a nível europeu para países que subfinanciem a I&D, como já ocorre noutros domínios, nomeadamente ao nível das finanças públicas e dos desequilíbrios macroeconómicos?

11
Out13

Entretanto, as consequências (pesadas) do legado Sócrates relatadas pela OCDE - Parte II

Cláudio Carvalho
Extraído do estudo "Supporting Investment in Knowledge Capital, Growth and Innovation" da OCDE, divulgado ontem, dia 10 de outubro. Tendo por base dados referentes a 2009 e 2010, Portugal ficou no pelotão da frente em termos de incentivos financeiros - por via fiscal ou por via financeira - à investigação e desenvolvimento. Assim, não fica nada fácil, esquecer o «fardo» socialista...
«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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