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Os mesmos que desvalorizaram o aumento trimestral (i.e. em 2013-Q1) do défice para 11% (arredondamento às unidades), são os mesmos que agora rejubilam com o aumento trimestral, em cadeia, do produto. Ouve-se o claquismo político no seu esplendor máximo: são urras, vivas, olés, avés a este Governo. Todos ao Marquês e aos Aliados, que produzimos mais riqueza que no trimestre anterior. Esqueça-se o nível de desemprego, os níveis de pobreza, a emigração sem precedentes na Era democrática, esqueça-se a degradação das políticas públicas e as condições de vida da classe média, a desconfiança na classe política e na democracia, esqueça-se que anualmente vamos produzir menos que em qualquer outro ano dos últimos dez (vd. PIB em volume).
A coligação governamental e os partidos a ela afetos estão a celebrar a redução da taxa de desemprego em cadeia. Hoje, um ex-líder de uma juventude partidária festeja a redução do desemprego jovem (em cadeia) de 42,1% para 37,1%. Numa altura, em que o PSD pede ao PS para comentar estes resultados, importa refletir e ser sério. Não pretendo desperdiçar demasiado "latim" e cansar o leitor com literatura barata, portanto, atente-se:
- A variação homóloga do desemprego é de +1,4 p.p..
- Se criarmos uma "árvore do emprego", recorrendo aos dados fornecidos pelo INE, constatamos uma variação negativa (em cadeia, ou seja relativamente ao trimestre anterior) de 16 mil pessoas em Portugal.
- Constatamos, ainda, que temos menos 30,6 milhares de jovens (faixas etárias "dos 15 aos 24 anos" e "dos 25 aos 34 anos") ativos no nosso país, quanto ao trimestre passado. Mais 8,6 milhares de jovens inativos. Uma variação na população total de jovens de menos 22 milhares.
Em jeito de término, dava jeito que os paladinos deste governo, lessem a última página do boletim do INE. Lê-se na nota técnica:
"Taxa de variação trimestral
A variação trimestral compara o nível da variável em dois trimestres consecutivos. Embora seja um indicador que permite um acompanhamento corrente do andamento da variável, o cálculo desta taxa de variação é particularmente influenciado por efeitos de natureza sazonal e outros mais específicos localizados num (ou em ambos) dos trimestres comparados."
Os sublinhados anteriores são meus, o descaramento é de outros.
Ao que o INE nos transmite e o Jornal de Negócios noticia, a evolução das nossas exportações continua a rota de declínio que há já algum tempo se tem vindo a verificar, não obstante as normais flutuações pontuais, as quais são rapidamente aproveitadas pela rapaziada que (ainda) apoia este Governo para bizarros exercícios de manipulação de informação.
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