Não acha repugnante?
Yup, it's Ana Gomes on twitter, again:
Mais gente a sofrer por insistirem defender liberdade expressão c/ desenhos Profeta. Ñ podiam por palavras ou música? http://t.co/cXDEc89YTF
— Ana Gomes, MEP (@AnaGomesMEP) 18 janeiro 2015
@cvazmarques E mais estes mortos, não acha repugnante? http://t.co/cXDEc89YTF
— Ana Gomes, MEP (@AnaGomesMEP) 18 janeiro 2015
Desta vez o ponto é algo como "Estão a ver o que vocês fizeram? Há pessoas a morrerem no Níger devido a uma caricatura publicada em Paris, caricatura essa que vocês defendem à luz liberdade de expressão e a liberdade de imprensa! Tenham vergonha!". Pois bem, a esta altura do campeonato, eu não sei bem o que dizer. Eu não estava preparado para que eu e outros que pensam como eu fossem considerados apoiantes da alegada causa de morte de várias pessoas. Várias pessoas morreram por fanáticos intolerantes e odiosos as terem matado um jornal europeu ter publicado uma imagem, um desenho.
Ora bem, eu cá acho repugnante (sim, repugnante, o adjectivo é mesmo certeiro) que uma deputada europeia que é membro suplente na Subcomissão dos Direitos Humanos e membro efectivo da Comissão de Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos, venha publicamente acusar um jornal europeu de ser o responsável por atentados, distúrbios, vandalismos e assassinatos em países exteriores à União. Acho repugnante que uma deputada da bancada dos socialistas e democratas venha a público insinuar que, por acharmos que não é aceitável uma limitação das nossas mais básicas liberdades civis no sentido de impedir alegados "insultos" de crenças, visões ou opiniões, devamos ser considerados os causadores principais de homicídios noutras partes do planeta. Acho (colossalmente) repugnante que uma representante eleita da população europeia numa câmara parlamentar (o que o Papa e o Provedor da Santa Casa não são, que eu não sou tido nem achado na sua eleição e eles não me representam em lugar algum) venha publicamente alegar que há inocentes a morrer em África por alguém ter publicado uma caricatura em Paris. Acho repugnante que no Parlamento Europeu haja uma eleita por Portugal que ache que a sociedade francesa ou qualquer outra sociedade europeia tenha que se auto-censurar para não desagradar a quem ameaça matar para não ver a sua visão do mundo contestada.
P.S. - Momento de cinismo: se fosse um eleito do PSD ou do CDS-PP a afirmar dia após dia esta mundividência, já muitos tinham-se revoltado e indignado; como é "apenas" a Ana Gomes, há uma tolerância sem fim aparente, aparentemente.