Obama, do you care?
Há um artigo do Wall Street Journal de há três semanas (talvez) que, para além de dar a notícia que a China tinha pela primeira vez ultrapassado os Estados Unidos da América como líderes mundiais na importação de petróleo - o que a própria OPEP adivinhava, mas só para 2014 -, lembrando que já tinham conseguido antes ser os maiores importadores do Médio Oriente - ultrapassando também os EUA -, faz uma análise mais cuidada à questão geopolítica.
O artigo trazia uma infografia interessante com o mapa da região do Golfo Pérsico e os corredores marítimos de segurança que os petroleiros chineses (e alugados aos chineses) fazem para percorrer livremente uma zona tão afectada por ataques terroristas. É que são os EUA que estão a patrulhar militarmente a zona para que nada aconteça. A todos os que circulam e beneficiam do protectorado norte-americano, incluindo os chineses. Ou os que transportam para chineses.
O que levantou uma questão interna sobre as responsabilidades da China num patrulhamento que consome uma boa parte do dinheiro dos contribuintes norte-americanos. A crise atingiu toda a gente (aliás, nasceu nos EUA) e desempenhar o papel de polícia tem os seus custos. Do Mundo, então...
O historiador britânico Mark Mazower disse em entrevista à SIC Notícias que a prioridade de Obama na política externa não foi uma opção no primeiro mandato. Wall Street tinha rebentado e o desemprego ainda hoje é uma realidade dura que está aos poucos a desaparecer. O interesse era outro. Como se compreende. No segundo mandato também não seria opção, mas o cenário está a mudar. Depois da Guerra no Iraque, no Afeganistão e com o problema da Síria para resolver (quanto mais não seja por Israel), a política externa terá de ser vista com outra atenção.
Entre os problemas domésticos para resolver e as atenções que o Foreign Affairs exige (as escutas só pioraram o trabalho e sabe-se lá mais o que Snowden pode ainda revelar), Obama não terá um segundo mandato como provavelmente imaginou ter. Até porque também não deve dormir descansado com o que a Alemanha anda a fazer na Europa.