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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

01
Abr15

Da série "reformas estruturais" #2

mariana pessoa

Nicolau Santos, no Expresso Diário 31.04.2015

 

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 Deve ser por isso que o Primeiro Ministro tem o topete de dizer que Portugal pode ser das economias mais competitivas do mundo. Claro que pode - com o custo de mão de obra ao nível do Sri-Lanka, estaremos daqui a nada a cozer bolas de futebol e a ser pagos em malgas de arroz.

06
Mar14

"The future is so bright we gotta wear shades"

mariana pessoa

"Relatório da Comissão Europeia assinala início da criação de emprego no Sul da Europa.

Mas para Portugal as notícias estão longe de ser boas - Os empregos com mais futuro em Portugal são pouco qualificados"

 

 

 

E depois de sabermos que o único emprego criado (diz que são 128 mil criados só no 1ºT de 2013, ah valentes!) é o de 3 horas, o que nos tranquiliza certamente é saber temos um Vice Primeiro Ministro que não acredita "num modelo de desenvolvimento de salários baixos:

 

No fundo, no fundo, estamos perante o orgasmo de Nuno Crato: um trabalhador fabril e um(a) empregado(a) doméstico(a) em cada esquina, baratinhos e fáceis de despedir. É como costuma dizer a f. the future is so bright that we gotta wear shades.
[Ah, e antes que se começem a espumar da boca: claro que não há problema algum em ter-se uma destas profissões, não é esse o ponto]
27
Dez13

Os 120 mil empregos criados pelo primeiro-ministro vs. a realidade (II)

Cláudio Carvalho

Depois dos dados do Eurostat, eis as estatísticas segundo o INE.


Referências:

- INE (2013). Estatísticas do Emprego - 3.º Trimestre de 2013. Publicações, Instituto Nacional de Estatística. Acedido no dia 27 de dezembro de 2013, em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=153369795&PUBLICACOESmodo=2.

- INE (2013). Estatísticas do Emprego - 4.º Trimestre de 2012. Publicações, Instituto Nacional de Estatística. Acedido no dia 27 de dezembro de 2013, em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=151773865&PUBLICACOESmodo=2.

PS: A mensagem de Pedro Passos Coelho

28
Jul13

Caçando os mitos da política nacional

Cláudio Carvalho

Desmistificação de algumas matérias propaladas erradamente (ou de forma mal intencionada) ad nauseam a nível nacional.

Caçadores de Mitos da Política Nacional by Cláudio Carvalho

17
Jul13

Redução de vagas no acesso 2013/2014: um desastre, à Crato

Cláudio Carvalho

Como anteriormente anunciado, o Ministério de Educação e Ciência procedeu à diminuição do número de vagas no ensino superior público. Ao contrário do que se possa pensar de forma intuitiva superficial (i.e. níveis de desemprego colocam pressão sobre a necessidade de diminuição de número de vagas no ensino superior público), a medida não poderia vir em pior altura!

Este é, indubitavelmente, o pior período para uma medida deste género, por um fator muito simples: vivemos num período - a vários níveis - atípico e instável. Será, por conseguinte, difícil avaliar o impacto desta medida, no futuro e, mais importante do que isso, temos de compreender que os atuais níveis de desemprego são fruto das afetações de decisões de política económica (desastrosa) e não de decisões relativas ao ensino superior.

A título pessoal, considero que seria mais importante, nesta fase, mudanças ao nível dos conteúdos curriculares (no ensino secundário e ensino superior) de forma a permitir que os graduados estejam mais preparadas para responderem à incerteza (e.g. evitando a especialização tão cedo e permitindo maior liberdade de definição dos planos de estudos, estabelecendo apenas a necessidade de determinadas disciplinas core) e é necessário, igualmente, repensar o sistema de acesso a um outro nível, por exemplo, com o intuito de reduzir os níveis de desmotivação e de abandono - consequentemente promovendo uma maior racionalização de recursos públicos - (e podia enumerar outros fatores). Concomitantemente, ainda que defenda um outro sistema de regulação da oferta formativa, deveríamos deixar a regulação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior funcionar (estavelmente) e esperar pelos resultados dos processos de avaliação de ciclos de estudos desenvolvidos pelas Comissões de Avaliação Externa. Após se avaliar o seu trabalho e num enquadramento nacional mais estável, aí sim, proceder-se-ia a eventuais alterações no sistema.

Importa, salientar o ponto fulcral da imprevisibilidade do mercado laboral e do facto da formação superior não possuir apenas o objetivo de formar cidadãos para o mercado laboral. Aliás, não consigo conceber o ensino superior como uma escola de formação profissional. Independentemente de se deverem fazer ajustes (em períodos mais estáveis), o que deve, sobretudo, ocorrer é uma diminuição das assimetrias de informação: os futuros e atuais estudantes devem informadas sobre a empregabilidade dos ciclos de estudos que frequentam ou pretendem frequentar (entre outros dados) e devem optar de acordo com as suas motivações, mesmo sabendo os riscos que decorrem das suas escolhas em matéria de empregabilidade. A implementação pelo governo da Resolução da Assembleia da República n.º 53/2012, - que recomenda ao Governo que estabeleça as condições para a criação de um contrato de transparência no acesso ao ensino superior -, inicialmente desenvolvida pelo grupo parlamentar do CDS-PP na anterior legislatura, poderá ser um bom ponto de partida.

Finalmente, um ponto que creio que importa referenciar. Claro que estamos a sofrer algumas consequências da massificação, mas ela tinha que ocorrer: era uma inevitabilidade. Como se não bastasse, temos um atraso de qualificações superiores bastante grande (vd. e.g. Education at a Glance 2013), pelo que reduzindo as vagas na generalidade acho um tremendo erro e sairemos desta crise ainda mais fragilizados.

Temos, portanto, um desastre, à Crato, que ameaça agravar o maior dos défices: o das qualificações. 

24
Abr13

Uma nota importante, ainda, quanto ao Impulso Jovem

Cláudio Carvalho

Uma das críticas que se costuma fazer ao programa "Impulso Jovem" é o facto dos estagiários serem supostamente pagos a "preço de saldo". Esta crítica é, principalmente, da responsabilidade de pessoas afetas à esquerda, nomeadamente ao Partido Socialista. Ora, as remunerações dos estágios ao abrigo do programa em causa estão alinhadas com a Portaria nº 92/2011, de 28 de fevereiro, sucessivamente alterada pelas Portarias n.º 309/2012, de 9 de outubro, n.º 3-B/2013, de 4 de janeiro e n.º 120/2013, de 26 de março que regula o Programa de Estágios Profissionais. Portanto, estas alterações foram introduzidas por um governo socialista. A anterior Portaria (n.º 129/2009) vinculava ao pagamento de 838,44€/mês por estagiário com o grau de licenciado, mestre ou doutor. Agora, o valor ilíquido, para a mesma categoria, é igual a 691,71€/mês. 

Custa-me, particularmente, ler e ouvir, hoje, certas pessoas que, no passado, calaram, hipocritamente, perante esta redução abrupta de 17,5%. Perante sucessivos alertas, criticavam ou calavam. Hoje, o cenário político é diferente e tudo serve para "arma de arremesso". Memória curta, portanto. É lamentável.

22
Abr13

Saga "A Igreja Universal do Reino de Miguel Gonçalves"

Cláudio Carvalho

«É um mito muito grande as pessoas dizerem que não há trabalho.»

«Nós temos identificados os principais motivos pelos quais as pessoas estão desempregadas. (...) O primeiro é o de pessoas que não pensam bem o mercado, que têm um erro de análise tremendo. São pessoas de direitos que se esquecem dos seus deveres e esperam que as empresas as convidem a juntar a elas. Estão permanentemente à espera que os outros lhes resolvam o problema. Isto acontece, não é um mito, é real. Tenho a caixa de correio cheia de exemplos destes. Depois, tens pessoas que se formaram numa área que neste momento desapareceu. Supõe, engenheiros civis, professores de português-alemão, professores de história. Pessoas que vendem um produto no mercado e que não têm absorção. Estás a vender uma televisão a preto e branco quando o mercado compra televisões a cores.»

«Não considero que o problema é teu, considero que a solução é tua. É muito diferente. Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.»

«De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são as milhares.»

«Percebo que as pessoas olhem para mim e digam: “Este tipo não é sensato. Está a dizer que os desempregados estão sem trabalho porque querem”. Não é isso que eu digo. Digo que muitos estão desempregados porque querem, outros porque não querem trabalhar, outros porque não sabem o que é preciso para trabalhar, outros porque têm muito talento mas não sabem mostrar ao mercado que têm talento.»

«Nas universidades, o que vês é que as pessoas estão com muito medo, porque vêem demasiada televisão.»

 

As alarvidades podem ser todas lidas, in loco, aqui http://www.ionline.pt/portugal/miguel-goncalves-ha-muita-gente-portugal-nao-trabalha-porque-nao-quer. Confesso que perdi toda e qualquer vontade de defender o que quer que seja proferido por este indivíduo. Nem vale a pena, perder muito tempo a desconstruir o pobre argumentário de conversas de tasco a transbordarem para os jornais. Estou francamente cansado desta gentalha. Pim!

11
Abr13

Impulsos erráticos

Nuno Pires

 

O atual Governo prossegue o seu percurso titubeante, com um novo e rocambolesco episódio a cada dia que passa.

 

Ontem, na sequência de um despacho revanchista de Vítor Gaspar (que, muito sinteticamente, pretende congelar o Estado e asfixiar todos aqueles que legitimamente usufruem da coisa pública), foi noticiado, pela manhã, que todas as ações de formação e estágios profissionais estavam suspensos e, a par, uma das medidas mais "emblemáticas" do ainda ministro Miguel Relvas, o Impulso Jovem.

 

Ora, qualquer pessoa que tivesse lido o famigerado despacho teria rapidamente chegado à conclusão de que a realização de novas ações de formação ou novos estágios profissionais por parte do IEFP, fosse no âmbito do Impulso Jovem ou não, se encontra impedida até à sua aprovação pelo recém-empossado líder supremo do Estado, Vítor Gaspar.

 

 

03
Abr13

Das odes à precariedade à defesa acirrada do imobilismo do statu quo

Cláudio Carvalho

Quanto a isto, apesar de já ter escrito ontem, vale a pena reiterar que me sinto na zona equatorial entre dois lados, diria dois polos: entre o polo do grupo que aglomera os risíveis contorcionistas que procuram desculpabilizar - da forma mais disparatada possível - as infelizes declarações proferidas pelo Miguel Gonçalves e os fanáticos do utilitarismo, do racionalismo ao absurdo e do individualismo metodológico e o polo do outro grupo que congrega os que negam qualquer ponta de influência positiva do individualismo - alguns parecem mesmo querer ignorar a sua associação biológica -, os que convivem bem com um certo imobilismo e oportunismo do meio académico e com o corporativismo de algumas classes profissionais. Aqui, darei o desconto àqueles que, de um polo ou de outro, procuram capitalizar a discussão partidariamente ou que têm apenas “tiradas infelizes”, por exemplo, trazendo para a discussão a pessoa de Relvas. Isso não interessa para o caso e só ridiculariza automaticamente a crítica do próprio emissor.

Se é verdade que concordo com a crítica ao discurso exacerbado à volta do empreendedorismo, da responsabilização individual e do utilitarismo e, ainda, se me preocupa os que se aproveitam indignamente da "especulação" à volta da promoção do autoemprego, também me revolta o discurso extremado da socialização de todas as responsabilidades, a distorção oportunista do empreendedorismo, esquecendo que este assume várias formas para lá da criação do próprio emprego e confesso-me desiludido por subsistir uma certa visão socialmente conservadora, imobilista, e ausente de qualquer sensibilidade pragmática para procurar resolver problemas socioeconómicos e institucionais concretos (faz-me lembrar isto).

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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