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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

06
Jun13

Dois anos de embuste

Nuno Pires

 

Completaram-se ontem 2 anos desde as eleições legislativas que conduziram à posse do XIX Governo Constitucional.

 

Um Governo que foi eleito com base num programa eleitoral onde se lia, sobre o mesmo, que "resiste a qualquer teste de avaliação ou credibilidade". Um programa cujo conteúdo era infalível, pois, alegadamente, "tudo o [que] nele se propõe foi estudado, testado e ponderado".

 

A este bonito programa eleitoral juntaram-se várias promessas de facilidades e prosperidade, proferidas ao longo da campanha por Pedro Passos Coelho. Bastava afastar Sócrates, davam a entender várias vozes do PSD (e do PP) na altura, e tudo se resolveria como num passe de magia. Não era preciso despedir, não haveria aumentos de impostos, não haveria cortes em subsídios. Nada disto era necessário e até eram classificados como "disparates" os avisos que alguns já estavam a fazer de que aquele delirante cenário não tinha nada a ver com aquilo que estava a ser preparado.

 

Pelo caminho, também não faltaram insultos ao primeiro-ministro de então: Hitler, Saddam, Drácula, apenas para mencionar alguns. Política de alto nível, a desta rapaziada.

 

Mas a verdade é que esta deplorável estratégia foi premiada nas urnas. E eis-nos chegados a 2013, o ano em que, garantia Passos Coelho se fosse eleito, já estaríamos com as contas públicas "saneadas" (o que quer que isso quisesse dizer), o "exército de desempregados" já teria desaparecido, a dívida e o défice já estariam controlados e a descer a olhos vistos.

 

Nada disto aconteceu, mas, pior do que aquilo que não aconteceu... foi o que aconteceu: o exato oposto do que foi "propagandeado" em campanha eleitoral, a que se juntaram novas "ideias" que não foram sufragadas por ninguém. Dois anos depois, o país vê-se confrontado com o embuste colossal em que este Governo se transformou. A função pública está a ser atacada como se de um inimigo público se tratasse. Os pensionistas parecem ter adquirido o estatuto de cobaias privilegiadas de uma bizarra e indigna experiência de empobrecimento coercivo. Há desemprego a níveis nunca vistos, há aumentos de impostos, há cortes nas funções essenciais de um Estado que se quer Social, há cada vez mais casos preocupantes de carências, há cada vez mais emigração.

 

"Assumimos um compromisso de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso", lia-se no programa eleitoral do PSD. Pois claro que não, Pedro. Claro que não.

 

 

(Gráficos)

 

28
Mar13

Embuste. Narrativa.Ponto de vista

mariana pessoa
Ainda não consegui escrever nada que excluísse estas 3 palavrinhas. Por isso, tenham paciência.
Até lá, fica o primeiro ensaio de fact checkers em Portugal, via Jornal de Negócios: http://www.jornaldenegocios.pt/economia/politica/detalhe/factos_e_numeros_ditos_por_socrates_sao_verdadeiros_ou_falsos.html

Para mentiroso, ladrão e pinóquio não está mal de todo, não.
29
Nov12

Mudar de política para resgatar a esperança

Nuno Pires

Uma governação que é contrária ao que foi prometido aos eleitores (em campanha, em programa eleitoral, em programa de Governo...) não é uma governação - é um embuste. E se este embuste originar o colapso da economia, com a angustiante escalada do desemprego, originando um evidente descontrolo das contas públicas, importa colocar um travão, antes que seja tarde demais.

 

Impelidos pela vontade de ajudar o país a acabar com este embuste e devolver esperança a Portugal, 78 cidadãos subscreveram uma carta aberta ao Primeiro-Ministro, apelando a uma urgente mudança de política ou, alternativamente, à demissão de Passos Coelho.

 

Reproduzo-a abaixo, subscrevendo-a integralmente.

 

"Exmo. Senhor Primeiro-Ministro,

Os signatários estão muito preocupados com as consequências da política seguida pelo Governo.

À data das últimas eleições legislativas já estava em vigor o Memorando de Entendimento com a Troika, de que foram também outorgantes os líderes dos dois Partidos que hoje fazem parte da Coligação governamental.

O País foi então inventariado à exaustão. Nenhum candidato à liderança do Governo podia invocar desconhecimento sobre a situação existente. O Programa eleitoral sufragado pelos Portugueses e o Programa de Governo aprovado na Assembleia da República, foram em muito excedidos com a política que se passou a aplicar. As consequências das medidas não anunciadas têm um impacto gravíssimo sobre os Portugueses e há uma contradição, nunca antes vista, entre o que foi prometido e o que está a ser levado à prática.

Os eleitores foram intencionalmente defraudados. Nenhuma circunstância conjuntural pode justificar o embuste.

Daí também a rejeição que de norte a sul do País existe contra o Governo. O caso não é para menos. Este clamor é fundamentado no interesse nacional e na necessidade imperiosa de se recriar a esperança no futuro. O Governo não hesita porém em afirmar, contra ventos e marés, que prosseguirá esta política - custe o que custar - e até recusa qualquer ideia da renegociação do Memorando.

Ao embuste, sustentado no cumprimento cego da austeridade que empobrece o País e é levado a efeito a qualquer preço, soma-se o desmantelamento de funções essenciais do Estado e a alienação imponderada de empresas estratégicas, os cortes impiedosos nas pensões e nas reformas dos que descontaram para a Segurança Social uma vida inteira, confiando no Estado, as reduções dos salários que não poupam sequer os mais baixos, o incentivo à emigração, o crescimento do desemprego com níveis incomportáveis e a postura de seguidismo e capitulação à lógica neoliberal dos mercados.

Perdeu-se toda e qualquer esperança.

No meio deste vendaval, as previsões que o Governo tem apresentado quanto ao PIB, ao emprego, ao consumo, ao investimento, ao défice, à dívida pública e ao mais que se sabe, têm sido, porque erróneas, reiteradamente revistas em baixa.

O Governo, num fanatismo cego que recusa a evidência, está a fazer caminhar o País para o abismo.

A recente aprovação de um Orçamento de Estado iníquo, injusto, socialmente condenável, que não será cumprido e que aprofundará em 2013 a recessão, é de uma enorme gravidade, para além de conter disposições de duvidosa constitucionalidade. O agravamento incomportável da situação social, económica, financeira e política, será uma realidade se não se puser termo à política seguida.

Perante estes factos, os signatários interpretam - e justamente - o crescente clamor que contra o Governo se ergue, como uma exigência, para que o Senhor Primeiro-Ministro altere, urgentemente, as opções políticas que vem seguindo, sob pena de, pelo interesse nacional, ser seu dever retirar as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Senhor Presidente da República, poupando assim o País e os Portugueses ainda a mais graves e imprevisíveis consequências.

É indispensável mudar de política para que os Portugueses retomem confiança e esperança no futuro.

PS: da presente os signatários darão conhecimento ao Senhor Presidente da República.

Lisboa, 29 de Novembro de 2012"

 

A lista de subscritores está disponível aqui.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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