Dos efeitos da perenidade do soberano do PSD
Nas últimas semanas uma quadrilha, que atenta contra direitos sociais, contra a própria estabilidade da democracia e, sobretudo, contra a esperança nacional, resolveu brincar ao Risco e ao Monopólio, como se tudo fosse um jogo de tabuleiro em que a vida de 11 milhões de pessoas pode ser ditada simplesmente pelos despertares matutinos ou tiques esquizofrénicos dos membros do Governo, da maioria parlamentar e do Presidente da República.
Duas gerações já perceberam que não podem contar com Cavaco Silva para servir outros interesses que não os interesses absolutos do partido. Seria muito crédulo pensar que a posição seria muito diferente da apresentada hoje aos portugueses. Assistimos, em suma, a uma espécie de revogação das eleições legislativas antecipadas anteriormente convocadas, tal e qual ao estilo do «irrevogável» Paulo Portas. Nesta fase, há já só duas certezas:
A primeira é que, daqui em diante, a cada resultado negativo da política económica deste governo, não temos só o governo e a maioria para culpabilizar e a quem pedir responsabilidades, temos também o Presidente da República, que está - mais do que nunca - umbilicalmente associado à degradação da economia, das finanças e do regime democrático.
A segunda é que, perante o panorama de exacerbado ascetismo económico e democrático, só podemos contar com o Tribunal Constitucional para garantir a estabilidade do Estado de Direito e, consequentemente, a existência mínima de estabilidade social.
Dito isto, espera-se que a regularidade da instituição "Presidência da República" seja restabelecida em 2016; esperemos que outras, sejam "regularizadas" antes.