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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

25
Jan15

Demokratia

Sérgio Lavos

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Ao fim de sete anos de crise e seis de políticas de austeridade, continua a ser extraordinário como a direita europeia continua a achar que os povos dos países "resgatados" irão aceitar sem bulir o sofrimento que lhes tem sido imposto, aceitar que sejam governados por quem não está com eles, por eles. Achava isso, e continua a achar, e tudo indica que continuará nos próximos tempos. Este inacreditável estado de negação trouxe a ruína e a pobreza a Portugal, a Irlanda, a Espanha, a Chipre e espalhou desemprego e perda de rendimento por vários outros países que não chegaram a ser resgatados. E a Grécia, a cobaia desta violenta experiência de redimensionamento da base fundadora da União Europeia - o Estado Social - foi o país que mais sofreu, desde o início. Sofreu com 27% de desemprego, com a pobreza extrema de milhões, com o fim de muitos apoios estatais a quem perdeu o emprego, e sofreu sobretudo no espírito, na alma, uma terrível humilhação, infligida pelos países do Norte; a Grécia teria de ser o poster boy da maior transferência de rendimento do trabalho para o capital depois da Segunda Guerra Mundial (transferência também conhecida por "austeridade" ou ainda por esse infame eufemismo, "reformas estruturais"). A direita que governa a Europa decidiu que a crise de 2008 era uma imperdível oportunidade de acabar com o Estado Social, e a Grécia tornou-se o poço sem fundo desta desvairada alucinação que tomou conta dos dirigentes europeus. Agora, seis anos depois, os gregos voltaram a respirar. Voltaram a poder dizer que nenhuma humilhação quebrará o espírito do país onde nasceu a democracia. A democracia foi, e será, a única resposta a dar a uma União Europeia desfigurada, exangue dos seus princípios fundadores, uma União Europeia que tem vivido uma crise de liderança sem precedentes desde a sua fundação - e logo na pior altura possível, a crise de 2008. A democracia, a voz do povo (esse que durante todos estes anos tem suportado um sofrimento apenas comparável a uma guerra ou uma ocupação estrangeira), a democracia seria sempre o único caminho possível. Governar com o povo, para o povo, é por aí. Tão simples, não?

27
Out13

Alô PS: Defender meias tintas será ajudar a condenar o país e a Europa*

Rui Cerdeira Branco

Quem me conheça minimamente saberá que estou longe de ser um extremista, o que aqui vos escrevo resulta da mais ponderada e informada reflexão que pude ir fazendo ao longo dos últimos anos. Escrevi há pouco uma prosa noutras paragens com título "O otimismo sobre o fim da crise na zona euro é um erro -  Wolfgang Munchau - FT" precisamente depois de ler a última crónica de Wolfgang Munchau no Financial Times.

Nela se sublinha que o próprio FMI reconhece que os atuais sinais económicos positivos em vários países em crise da zona euro, são muito mais de origem cíclica do que consequência das tão propaladas reformas estruturais. Ou seja, o FMI reconhece que os países em crise pouco ou nada evoluíram em termos de sustentabilidade das suas economias e que, face à dimensão do que haveria ainda por fazer, Munchau acrescenta que dificilmente o conseguirão fazer de forma humanamente exequível. Pelo menos segundo este plano largamente unilateral que tem sido imposto como solução.

Munchau repete uma ideia que vem defendendo há algum tempo: não conhece nenhum plano válido que alcance em simultâneo o objetivo de tornar uma economia sustentável, promovendo um forte ajustamento, enquanto se consegue reduzir drasticamente o nível de endividamento dessa mesma economia, em particular quando se trata de uma economia que é parte de uma zona monetária no qual a política monetária e cambial em vigor são tão adversas quanto as políticas fiscais/orçamentais dos restantes parceiros.

 

Se o diagnóstico de Munchau e do FMI estiver correto, quer quanto à leitura económica atual, quer quanto ao que perspetivam para os próximos anos (onde de forma alguma se recuperará para níveis de sustentabilidade da dívida e das economias), é crucial parar para pensar antes de nos limitarmos à estratégia do desesperado que tem vindo a ser protagonizada pelo menos desde 2010 que é a de aceitar todos os pretextos para "comprar tempo".

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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