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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

07
Out14

Governação e responsabilidade

Sérgio Lavos

"O ministro da Educação e Ciência há-de um dia regressar à sua universidade, como ele próprio disse, mas não é agora."

 

A ligeireza com que Passos hoje reagiu, quando questionado sobre o destino de Crato, é, para além de uma irresponsabilidade, uma grosseria e um insulto aos portugueses, sobretudo os afectados pelos problemas na colocação de professores, a começar por estes e pelos alunos.

Não é de agora, esta reacção de Passos a problemas criados directamente pelo seu Governo. Desvalorizar o caos, minimizar os erros e as suas consequências, transformam a política num jogo pueril, o contrário do que seria suposto ser. Os governantes (e os deputados) são eleitos para servir o povo, para darem o seu melhor e, caso o seu melhor não seja o suficiente, assumirem as responsabilidades e agirem de acordo com essa assumpção. Com este Governo, com este primeiro-ministro, todos os valores que deveriam reger a conducta dos governantes têm sido subvertidos. Começou com as previsões falhadas de Vítor Gaspar (o único que teve a ombridade de assumir os seus erros e tirar daí as devidas consequências, quem sabe se contra a vontade de Passos), passou pela lenta agonia de Miguel Relvas, pelas sucessivas mentiras de Maria Luís Albuquerque no parlamento, pela confrangedora gaffe angolana de Rui Machete. 

Desde Setembro, atingiu-se um cúmulo qualquer de incompetência na Justiça e na Educação. O caos nos tribunais e nas escolas, desvalorizado e não assumido, é a prova de que o princípio de Peter, quando aplicado ao serviço público, pode ser um crime de lesa pátria. Ninguém sabe (a começar pela ministra) onde poderão chegar os danos causados pelo desaparecimento de três milhões e meio de processos nos tribunais portugueses. E os prejuízos trazidos aos professores e aos alunos neste início de ano escolar são incalculáveis. 

Já poucos terão dúvidas de que Paula Teixeira da Cruz (que ignorou vários avisos sobre o Citius quando preparava a reforma do mapa judicial) e Nuno Crato (que autorizou um modelo de colocação de professores que continha um erro matemático crasso) são os culpados máximos do inacreditável caos que reina na Justiça e na Educação. Poucos terão dúvidas, também, de que há muito os dois se deveriam ter demitido. Por muito menos Manuel Pinho demitiu-se. Por muito menos (uma piada de mau gosto) em tempos um ministro cavaquista demitiu-se. Por muito menos António Vitorino demitiu-se. E Jorge Coelho também o fez, depois de ter assumido a responsabilidade pela queda da ponte de Entre-os-Rios. 

Mas eles, os ministros que governam acima das suas possibilidades, continuam a liderar as equipas que estão a tentar resolver os problemas provocados pelas suas decisões políticas. E continuam porque Passos Coelho, o homem do "não me demito", decidiu que assim deve ser. Poderíamos pensar que o faz por cálculo político - duas demissões tão próximas das legislativas danificariam a imagem do Governo. Mas neste caso, a razão é outra: Passos Coelho não deixa cair Crato e Paula Teixeira da Cruz porque tem um entedimento da política que se mede por tacitismos, uma estatura ética diminuída (senão inexistente) e sobretudo uma dimensão de mediocridade nunca antes vista num primeiro-ministro de Portugal. Passos Coelho nunca entenderá que a política não foi feita para satisfazer egos próprios. Não sabe, nem nunca irá perceber, que a teimosia, num político, é apenas uma virtude quando aliada a uma competência e uma grandeza de espírito. Passos não é competente nem é grande. É apenas um acaso, uma desgraça, uma vírgula mal parida na História do país.

21
Jul14

Verdades inconvenientes

mariana pessoa

Ensino superior português em 8.º lugar a nível mundial

A publicação do U21 Rankings of National Higher Education Systems 2014 qualifica Portugal como tendo o 24.º melhor sistema de ensino superior do mundo em termos absolutos e 8.º melhor quando considerado o grau de desenvolvimento económico de cada país.

 

Resta saber o que terá acontecido ao Ensino Superior, quando Crato e o seu estilo de "destruição criativa" (nas palavras de Sobrinho Simões) deixarem o seu gabinete no Ministério. O napalm polvilhado, em iguais proporções de ignorância, preconceito ideólogico e arrivismo, já deixaram um lastro destrutivo que, infelizmente, demorará mais do que uma década a recuperar.

06
Mar14

"The future is so bright we gotta wear shades"

mariana pessoa

"Relatório da Comissão Europeia assinala início da criação de emprego no Sul da Europa.

Mas para Portugal as notícias estão longe de ser boas - Os empregos com mais futuro em Portugal são pouco qualificados"

 

 

 

E depois de sabermos que o único emprego criado (diz que são 128 mil criados só no 1ºT de 2013, ah valentes!) é o de 3 horas, o que nos tranquiliza certamente é saber temos um Vice Primeiro Ministro que não acredita "num modelo de desenvolvimento de salários baixos:

 

No fundo, no fundo, estamos perante o orgasmo de Nuno Crato: um trabalhador fabril e um(a) empregado(a) doméstico(a) em cada esquina, baratinhos e fáceis de despedir. É como costuma dizer a f. the future is so bright that we gotta wear shades.
[Ah, e antes que se começem a espumar da boca: claro que não há problema algum em ter-se uma destas profissões, não é esse o ponto]
23
Set13

Do Cataventismo

André Fernandes Nobre

Primeiro, retira-se às escolas do 1.º Ciclo a obrigatoriedade de leccionarem Inglês, ainda que fora do currículo obrigatório.

 

Como a coisa falha (desastrosamente) e a opinião pública reage, é o próprio Ministro da Educação (o mesmo que acabou com a obrigatoriedade da oferta de Inglês) que vem defender que “Temos de introduzir o Inglês no curriculo do ensino básico”.

 

Atendendo ao grau de dificuldade da manobra contorcionista acima relatada, apresentada como truque de prestidigitação, creio poder dizer-vos com propriedade:

 

Meus amigos, isto não é um Governo, é um circo. E dos maus.

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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