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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

13
Mai14

Ensaio sobre outra cegueira

Pedro Figueiredo

O Presidente da República vai conseguir a inacreditável proeza de deixar o cargo sem, provavelmente, nunca ter chegado a perceber a essência do que as suas funções lhe exigiam. Isto dito assim para que possa gozar de uma certa simpatia na análise, apesar de não merecer um pingo que fosse. A instituição que representa e para a qual foi eleito (ainda que com a menor percentagem de votos de sempre da história), não merecia um tamanho descrédito, sobretudo por defraudar as expectativas - alguém as teria, certamente, por muito ou poucos que fossem - de quem lhe conferiu confiança. A mim não me des​iludiu porque, como diz um amigo, para isso teria de ter andado i​ludido​.

 

As suas últimas declarações, sobre uma nova esperança a nascer em Portugal, chegam um ano depois de ter dito, precisamente, que só falar de esperança não chega. As actuais palavras podiam até ser entendidas como um alento aos portugueses, no sentido de lhes fazer que o que aí vem é um país melhor, agora que o resgate está a chegar ao fim e teremos uma "saída limpa". Podia ser entendida se o actual Presidente da República tivesse o carisma para fazer quem o ouve acreditar no que diz. Assim, soa a voz da desgraça, como o antigo coro do teatro grego, só que a usar uma espécie de ironia, ainda que involuntária, o que é ainda mais revoltante.

 

As declarações foram proferidas em Xangai, na sua visita oficial àquele país, e não podiam ter outro conteúdo. Está fora. Em acção promocional, ainda por cima. No entanto, não correspondem à realidade e isso torna-o grave por sair da boca do mais alto representante do país. Não que minta, mas simplesmente porque a sua avaliação do actual cenário parece-me completamente desenquadrada da realidade. Para ser, mais uma vez, simpático na análise.

 

Isto no dia seguinte ao Público ter feito manchete com as negociatas ainda por fazer com o beneplácito do Ministério das Finanças. Envolvendo monumentos nacionais. Classificação adiada porque impedia negócios futuros.

 

Esperança. A nascer, diz o Presidente da República.

15
Nov13

Obama, do you care?

Pedro Figueiredo

Há um artigo do Wall Street Journal de há três semanas (talvez) que, para além de dar a notícia que a China tinha pela primeira vez ultrapassado os Estados Unidos da América como líderes mundiais na importação de petróleo - o que a própria OPEP adivinhava, mas só para 2014 -, lembrando que já tinham conseguido antes ser os maiores importadores do Médio Oriente - ultrapassando também os EUA -, faz uma análise mais cuidada à questão geopolítica.

 

O artigo trazia uma infografia interessante com o mapa da região do Golfo Pérsico e os corredores marítimos de segurança que os petroleiros chineses (e alugados aos chineses) fazem para percorrer livremente uma zona tão afectada por ataques terroristas. É que são os EUA que estão a patrulhar militarmente a zona para que nada aconteça. A todos os que circulam e beneficiam do protectorado norte-americano,  incluindo os chineses. Ou os que transportam para chineses.

 

O que levantou uma questão interna sobre as responsabilidades da China num patrulhamento que consome uma boa parte do dinheiro dos contribuintes norte-americanos. A crise atingiu toda a gente (aliás, nasceu nos EUA) e desempenhar o papel de polícia tem os seus custos. Do Mundo, então...

 

O historiador britânico Mark Mazower disse em entrevista à SIC Notícias que a prioridade de Obama na política externa não foi uma opção no primeiro mandato. Wall Street tinha rebentado e o desemprego ainda hoje é uma realidade dura que está aos poucos a desaparecer. O interesse era outro. Como se compreende. No segundo mandato também não seria opção, mas o cenário está a mudar. Depois da Guerra no Iraque, no Afeganistão e com o problema da Síria para resolver (quanto mais não seja por Israel), a política externa terá de ser vista com outra atenção.

 

Entre os problemas domésticos para resolver e as atenções que o Foreign Affairs exige (as escutas só pioraram o trabalho e sabe-se lá mais o que Snowden pode ainda revelar), Obama não terá um segundo mandato como provavelmente imaginou ter. Até porque também não deve dormir descansado com o que a Alemanha anda a fazer na Europa.

20
Nov12

Dique alemão

Pedro Figueiredo

A Organização Mundial do Comércio (OMC) pode ter sido criada com a maior das boas intenções. Este tipo de instituições, na sua larga maioria, surge pela necessidade de zelar por um bem maior De todos. Que extravasa países. Temos até um exemplo bem próximo: basta olhar a actual União Europeia, descendente grandioso mas envergonhado das suas raízes humildes que foi o tratado que criou a então Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), em 1951.


A questão é que uma boa ideia, mal gerida, pode transformar qualquer sonho num pesadelo. Não é para aqui chamado o que se perdeu na União Europeia. Pode ficar para um outro post. No entanto, desde logo salta à vista que se perdeu o rumo. Talvez devesse ter estudado o Tratado de Lisboa a fundo, mas pelo que fui lendo (e não estão em causa as fontes), o último acordo conseguido pelos 27 membros transformou a Europa num processo altamente burocrático, com o expoente máximo na criação da figura do Presidente do Conselho Europeu. Para grande azar do senhor Van Rompoy, claro.

 

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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