Síria: Está na altura da Europa pensar numa solução pragmática
Para mim, os regimes não-democráticos são sempre alvo de desprezo, e anseio pelo dia em que a democracia seja o único regime político no mundo.
Dito isto, torna-se óbvio que a comunidade ocidental, com os EUA e a UE à cabeça, não tem qualquer intenção de interferir seriamente na guerra civil na Síria, seja por desinteresse, seja por inépcia, ou cobardia. Quase desde o início se percebeu que apenas uma intervenção efectiva com tropas no terreno poderia levar ao duplo objectivo de derrotar o Daesh; e de derrubar a ditadura de Assad. Nenhum desses objectivos parece estar a ser alcançável, e a crise dos refugiados demonstra claramente que a Europa está a ficar sem tempo para esperar uma solução do conflito.
Neste contexto, acho que se torna necessário escolher qual dos dois objectivos é mais prioritário para a UE. E claramente, derrotar o Daesh é francamente mais importante para a segurança europeia do que libertar a Síria do jugo de Assad. Isto teria o efeito de nos colocar ao lado de um dos mais eficientes interventores no conflito: a Rússia.
Está na altura de mudarmos de objectivo, ou de meios. Para uma maior segurança e estabilidade europeia, o inimigo do nosso inimigo (Assad), talvez seja o nosso mal necessário. A alternativa é colocarmos tropas no terreno, e empenharmo-nos a sério no conflito.