PSD, o amigo da Hungria.
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán (o tal que para o deputado do PSD Duarte Marques é «um líder nato» e merece elogios) esteve em Lisboa esta quinta-feira. Numa notícia que passou mais ou menos despercebida na imprensa diária nacional (excepção feita, pelo menos, ao Diário de Notícias, aqui), decorreu em Lisboa um encontro do IDC, associação internacional de partidos cristãos.
Nesse conclave, Orbán terá defendido a reforma do Espaço Schengen. Reforma essa que, sob o eufemismo de um Schengen 2.0, visa o reforço das fronteiras e a expulsão de refugiados do espaço europeu. Até aqui, nada de novo ou surpreendente, vindo de um primeiro-ministro cujo respeito pelos direitos humanos é, com simpatia, bastante escasso. Estava presente o recém-reempossado líder do PSD, Passos Coelho. Não há notícia de nenhum comentário de Passos Coelho à proposta húngara de revisão de Schengen.
Na cerimónia teve lugar a condecoração do ex-eurodeputado do PSD Mário David com a Ordem de Mérito concedida pelo Presidente da Húngria, János Áder, e outorgada pelo próprio Orbán (na foto). E por que razão foi o ex-eurodeputado português agraciado com semelhante honra? Pelo exercício das suas funções no Parlamento Europeu? Pelo serviço à causa comum europeia? Não, pela fidelidade na amizade com o governo húngaro. Nas palavras que acompanharam a condecoração, lidas pela emabixadora da Hungria em Lisboa, o Presidente húngaro agraciou Mário David «pelo seu empenho nos interesses e aspirações húngaras e na melhoria da percepção da Hungria na Europa.»
Ao cumprimentar o condecorado, Orbán salientou a fidelidade de David. «Como um verdadeiro amigo, ele [Mário David] apoiou-nos mesmo quando outros nos viraram as costas.» Acrescentou que «sabemos quem são os verdadeiros amigos quando estamos sob ataque.» E ainda que, em Janeiro de 2012, «quando a Hungria e o seu governo se viram sob um bombardeamento, foi a voz clara e amiga de David que criou ordem no caos de injustiça e palavras duras.»
Que orgulho, ver os nossos compatriotas a triunfar lá fora. Mais comovente do que assistir a uma amizade assim, é ver a fidelidade ser reconhecida. Parabéns, Mário David. Por uma questão de justiça, Orbán podia também ter agradecido aos portugueses que o elegeram.
[Nota: a notícia da condecoração faz parte da edição impressão do Expresso. Se alguém tiver link para a notícia online, a gerência agradece.]