Passos, o caixeiro-viajante.
Em Portugal aconteceu algo que Arthur Miller nunca imaginou que fosse possível: elegemos um Willy Loman como Primeiro-Ministro.
O protagonista d’ "A Morte do Caixeiro Viajante” é anti-intelectual, pese embora nunca ter afirmado ter como livro preferido um que nunca existiu. Acredita que o caminho para o sucesso é ser-se bem visto, bons contactos e gostarem de nós. Tem como herói o seu irmão mais velho que com 17 anos entrou na selva saíndo milionário aos 21 - um claro empresário de sucesso. Não se chega a saber como fez fortuna, apenas disse ao sobrinho que “nunca se deve lutar de forma leal (…), caso contrário nunca se sai da selva”. Um mentiroso compulsivo que se acha grandioso e insubstituível, e que confunde sucesso com bens materiais e procura incutir tais valores aos seus filhos.
Por cá Passos Coelho não apresenta um programa eleitoral, não dá entrevistas, foge de debates, prefere estar longe das ideias e perto da emoção das revistas cor-de-rosa, ao mesmo tempo que lidera um governo que procura vender/concessionar todo o património. É o nosso caixeiro-viajante.