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Sem antídoto conhecido.

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28
Jan16

OK Google: desigualdade

CRG

 

“to put an end to great aggregations of capital because of the helplessness of the individual before them.”

Juiz Learned Hand sobre o objectivo do Antitrust Act de 1890

 

A última edição da "Foreign Affairs" é dedicada ao tema da desigualdade: as suas causas, importância e o que pode ser feito. Com efeito, a desigualdade vai estar no centro da luta política que irá definir esta geração.

 

E pese embora alguns tentarem fugir ao assunto com o fundamento de que a desigualdade tem vindo a diminuir a nível mundial - efeitos do aumento do nível de vida na China e na Índia - é unanimemente aceite que esta tem vindo a aumentar dentro dos países: "the gap between average Americans and average Chinese is being partly replaced by larger gaps between rich and poor Americans and between rich and poor Chinese". Se dúvidas houvesse é bom relembrar que em 1965 a remuneração dos CEO das 350 maiores empresas americanas era 20 vezes mais alta do que a remuneração do trabalhador médio; em 1989 era 58 vezes mais alta; e em 2012 era 273 vezes mais alta (por ex: se o trabalhador médio recebe mil euros o CEO aufere 273 mil euros).

 

No entanto, se por um lado a sua existência é consensual, por outro lado, a resposta ao problema tem sido de uma certa passividade para a sua mitigação (desigualdade existirá sempre, e deve existir até um certo grau, a questão é saber qual o grau de desigualdade sustentável num sistema democrático). Um certo encolher de ambros alimentado pelo pensamento "não ha alternativa".

 

Não é preciso ser cínico para perceber de onde surge este sentimento de impotência, basta ver como são taxadas as grandes multinacionais em relação aos restantes contribuintes. Um exemplo disto é o recente acordo que o Governo Inglês fez com a Google, referente aos últimos 20 anos, segundo o qual esta irá pagar uma taxa de imposto a rondar os 3% em vez dos normais 20%. Privilégio claro de uma multinacional face às empresas mais pequenas, o que coloca em risco a própria base do sistema capitalista - a livre concorrência e a igualdade perante a lei - e, reforça a ideia nefasta de competição fiscal entre Estados. Ao mesmo tempo que se assiste a este tratamento preferencial das grandes empresas impera a obsessão dos Governos com défices orçamentais, que, por sua vez, fundamenta cortes no Estado Social, aumento de impostos sobre o consumo e de rendimento de trabalho porque, dizem, não há dinheiro. Resultado: agravamento da desigualdade. 

 

Tais diferenças de tratamento são politicamente indefensáveis, pelo que os governos se escudam na globalização, alegando que esta os impede de agir de outra forma; mas como escreveu Ben Okri:

 

They say there is only one way for politics.
That it looks with hard eyes at the hard world
And shapes it with a ruler’s edge,
Measuring what is possible against
Acclaim, support, and votes.


They say there is only one way to dream
For the people, to give them not what they need
But food for their fears.

(...)

Can we still seek the lost angels
Of our better natures?
Can we still wish and will
For poverty’s death and a newer way
To undo war, and find peace in the labyrinth
Of the Middle East, and prosperity
In Africa as the true way
To end the feared tide of immigration?

 

We dream of a new politics
That will renew the world
Under their weary suspicious gaze.
There’s always a new way,
A better way that’s not been tried before.

 

 

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«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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