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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

02
Fev15

Obras que entram pelos olhos dentro

Nuno Pires

Uma pessoa lê a notícia e fica confusa. E li-a duas vezes.

Então ao que parece estamos perante uma "via de acesso às zonas industriais de Famalicão, Trofa e Maia, onde estão instaladas empresas com forte vocação exportadora". Segundo escreve a Lusa, é "atravessada diariamente por cerca de 30 mil veículos, nomeadamente pesados, com constantes estrangulamentos".

E, ainda de acordo com a mesma notícia, a solução "económica mas eficiente" (??) passa por duplicar e requalificar a estrada nacional, fazer umas rotundas e uma ponte.

Os "30 mil veículos, nomeadamente pesados", que diariamente ali têm que passar para escoar produção industrial veem assim os seus problemas resolvidos. Meia dúzia de rotundas, uns alargamentos e ficamos todos muito felizes.

Felizmente, fomos abençoados com este génio que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho e que nos brinda com estas suas soluções "económicas mas eficientes". Um visionário!

Eu confesso que não fui abençoado com o brilhantismo e a inteligência de Pedro Passos Coelho.

Confesso que não consigo perceber como é que uma via com um fluxo diário de 30 mil veículos, para escoamento de produção industrial, não deve ser convertida em autoestrada. Não percebo, lamento.

Pior: li a notícia duas vezes (como referi acima) e não consegui perceber como é que na altura em que os fundos comunitários "privilegiavam as infraestruturas rodoviárias" (foi Pedro quem o disse), a melhor solução (económica e eficiente, para recorrer ao jargão técnico de PPC) não era, precisamente, aquela que foi gizada: a da criação de uma variante com perfil de autoestrada.

Fiquei também sem perceber do que é que Passos Coelho falava quando referiu o "tanto dinheiro" que terá sido gasto nos tempos de "vacas gordas". Ele lá saberá, e eu acho que já temos aqui confusão a mais para tentar abordar apenas num post.

Apesar de não perceber o que raio anda Passos Coelho a dizer, acho que a minha memória está boa. É que eu ainda me lembro de outras soluções assim poupadinhas, em termos de infraestruturas rodoviárias. Para poupar uns trocos, em vez de uma autoestrada fazia-se um itinerário principal, frequentemente com traçados sinuosos para evitar a construção de túneis ou pontes.

Esta "poupança" de uns trocos materializou-se num enorme custo em vidas. E na inevitável decisão (que apenas pecou por tardia) de corrigir o erro e converter alguns dos nossos "IP" em "AE", investindo mais do que aquilo que se teria investido se a decisão inicial tivesse sido, desde logo, a mais... económica? ...eficiente?

Uma outra palavra descreve-o melhor: inteligente.

 

 

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«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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