Notas corridas
O INE confirma hoje uma boa notícia: o PIB subiu finalmente em 2014, o que não acontecia desde 2010. Ou seja, desde antes de a Europa ter decidido que ia inverter a estratégia de combate à crise financeira de 2008 e embarcado no monumental embuste da "austeridade expansionista". Sendo um crescimento anémico e que mal começa a compensar o acumulado de perda de PIB dos três últimos anos, é melhor ter este que nenhum.
E de onde veio este crescimento? Das exportações? Não. Do consumo interno. Depois do brutal aumento de impostos em 2013 o ano de 2014 trouxe, por vezes a contragosto do Governo, algum alívio do ritmo da austeridade (parou de aumentar). São boas notícias? Mais ou menos. Significa que nada mudou quanto à falta de equílibrio externo da economia portuguesa, o que se verifica pelo saldo negativo das exportações.
Ao contrário do que se possa imaginar com a propaganda que aí vai, as exportações estão a crescer mais devagar e, acima de tudo, estão a crescer abaixo do nível de crescimento das importações, invertendo o saldo com o exterior que tinhamos tido em anos anteriores.
Tudo visto e baralhado: nada de euforias, até porque o desemprego continua em níveis intoleráveis, a dívida pública e privada pesa nas contas do Estado e do País e se nada fizermos para mudar de vida, o actual ritmo de crescimento da Economia significa que só lá para os anos 2020 voltaremos a ter um PIB comparável com 2007. Mais de uma década perdida.