Mobilizar a Dança
Desde que António Costa anunciou a sua intenção de se candidatar à liderança do PS que foram inúmeros os apoios que lhe foram dados por personalidades ligadas à Cultura.
A começar no Teatro, passando pela Música, Cinema, Literatura, Pintura e Escultura, de todas as artes se tem visto diversos apoios à candidatura de Costa. Todas menos a Dança.
Não deixa de ser curioso que uma das áreas artísticas que mais clama por melhores políticas culturais e mais proteção laboral seja aquela em que se vê menos preocupação por influenciar diretamente os atores políticos para irem ao encontro de algumas das suas expectativas legítimas. A Dança em Portugal tem demonstrado pouca diligência no contacto com políticos no sentido de os fazerem comprometer com uma mudança de mentalidade - e dos orçamentos - para a Cultura.
Para além dos apoios financeiros, é necessário pensar uma política cultural a nível governamental que passe por criar condições de liberdade criativa. No meu entendimento, é António Costa que conseguirá aplicar essa nova política. É um dos poucos políticos capaz de falar para a cultura e sobre a cultura. O facto de ter nascido e crescido no meio certamente terá ajudado, já que o pai foi um reconhecido escritor, Orlando da Costa, e a mãe, uma jornalista de referência, Maria Antónia Palla. (Curiosidade: António Costa foi aluno na Escola de Dança do Conservatório Nacional. Não estavam à espera, pois não?)
Desde há sete anos, Costa tem sido um presidente de câmara que valoriza, investe e promove a cultura, ao contrário do que acontece em muitos municípios do país. E não tem feito isso sozinho. Aliás, António Costa tem como seus apoiantes e colaboradores pessoas que sabem e conhecem o meio cultural e artístico português, nomeadamente os seus artistas e as suas necessidades.
O exemplo mais paradigmático disso é Inês de Medeiros. Foi no ano passado que a deputada do PS conseguiu fazer aprovar na Assembleia da República um projeto de lei que estabeleceu regime especial para bailarinos, direitos que eram e continuam a ser essenciais para a carreira de bailarino. Apesar de se dizer muito que os políticos não se importam com os artistas, há exemplos que contrariam esse dogma, e é nesses que devemos acreditar e apoiar. Se há uma pequena minoria de políticos que são afetos à criação e carreira artística, é necessário o envolvimento daqueles que se interessam e têm ideias para a valorização cultural de um país e de uma sociedade para que esta se torne uma maioria compromissiva.
António Costa tem sido um bom presidente da câmara de Lisboa. Agora, voos mais altos lhe estão a ser pedidos - exigidos, vá - e o trabalho de política cultural que sido feito em Lisboa pode alargar-se ao resto do país, com visão e discernimento, se todos nos conseguirmos mobilizar.
Dia 28 de setembro decidimos quem vai ser o próximo candidato a Primeiro-Ministro de Portugal pelo Partido Socialista. António Costa é o único candidato com legítimas preocupações culturais e artísticas. Usem o vosso voto, deem o vosso contributo e, acima de tudo, apostem num político com experiência e sensibilidade cultural.
Votem na Dança. Votem na Cultura. Votem na Mudança. Votem em António Costa.