Mestificações
Em 2008, Passos Coelho profetizou que não seria difícil “aparecer um demagogo que prometa o céu à grande maioria do eleitorado, para o levar para um abismo ainda maior do que o que existe". Passos avisou ainda que se estava a “cavar uma injustiça muito grande entre a maioria e uma meia dúzia de pessoas que vivem cada vez melhor" e que a emigração era “um sinal de que estávamos a recuar 40 anos”.
Em 2011, já sabemos o que aconteceu: Passos prometeu que no governo não ia aumentar impostos; prometeu que não ia mexer nos subsídios; que não ia privatizar “ao desbarato” para arranjar dinheiro; que não ia cortar nos subsídios. Ao mesmo tempo, criticou os governos “sem orientação estratégica”, “sem capacidade de vender um sonho ou uma esperança para o futuro do país”, e que em vez disso deveriam “servir para ajudar o cidadão na busca da felicidade a que temos todos direito”, assumindo que não iriam "sacrificar sempre os mais desprotegidos".
Em 2015, o líder da coligação PSD/CDS já afirmava que não ia oferecer “aos portugueses um caminho de promessas fáceis, de ilusões nem de facilidades”. Contudo, uns meses depois, já veio dizer que lhe "parece de justiça e de equilíbrio que aqueles que mais sofreram sejam aqueles que também possam beneficiar do arranque da nossa economia e do crescimento do nosso país", ou seja, os mais sacrificados nestes últimos anos.
Quando o PS diz que “É Tempo de Confiança”, não é por acaso. Depois destes quatro anos, os portugueses já estão fartos de não poder confiar em quem os governa, de não poder acreditar em quem lhes prometeu facilidades e compromissos que depois não se vieram a concretizar, e que agora voltam a tentar a mesma receita para estas eleições.
No dia 4 de outubro, já só cai no abismo das promessas do "demagogo" quem quiser. O Luís Vargas ajuda a relembrá-las.