Malabarices orçamentais
Não será por falta de aviso: a execução orçamental não está a correr bem e nem é preciso a oposição recordá-lo - basta olhar para os dados oficiais ou para as notícias que vão saindo.
Apesar dos reembolsos de IRC e IVA às empresas, estarem a ser indevidamente retidos para maquilhar as contas públicas e servir propósitos eleitorais (uma bizarra forma de financiamento compulsivo de campanhas), a meta do défice para 2015 está em risco (como, aliás, o PS tem vindo a alertar desde que o Governo achou boa ideia dizer que iríamos ter um défice abaixo de 3% em 2015).
"Os principais agregados orçamentais de despesa e de receita do conjunto das administrações públicas (receita e despesa totais, correntes, despesa primária, com pessoal, receita fiscal, de capital) estão todos com um comportamento aquém do previsto no Orçamento do Estado de 2015. Ou seja, a receita cresce menos do que o previsto e a despesa aumenta mais do que o planeado.
[...]
Com o actual ritmo de execução da receita e da despesa, o défice ficaria mais de dois mil milhões de euros acima do orçamentado."
Por agora, segue a festa "pré-eleições": uma ministra das finanças a prometer tudo e mais um par de botas, incluindo a devolução da sobretaxa de IRS, um grupo de apoiantes a secundar a mentira. Enquanto isto acontece, os dados oficiais da execução orçamental ardem em pano de fundo.
Malabarismos, contas mal feitas, mentiras descaradas e descalabro orçamental.
É assim, a "gente séria", das "contas certas" e do "rigor".
(Fotografia: José Sena Goulão, Lusa)