MAI
"Para mim, pessoalmente, seria o caminho mais fácil. Eu ia-me embora, ia ter as férias que não tive. Isso resolvia o problema? Não, não ia resolver o problema"
Constança Urbano de Sousa.
A minha vasta ignorância sobre o tema de incêndios e protecção civil não me permite fazer juízos de valor sobre a actuação da Ministra de Administração Interna. No entanto, a MAI, com aquela frase, deixou de ter condições políticas para se manter no cargo finda a época de incêndios (uma eventual demissão antes poderia ser prejudicial, uma vez que traria confusão e instabilidade).
Numa tragédia nacional uma das funções dos responsáveis políticos é transmitir compaixão e conforto às vítimas. Falar da ausência de férias parece equiparar, mesmo que não intencionalmente, o seu "sacrifício" ao sacrifício de quem perdeu familiares e amigos, de quem ficou sem nada. Isto é inaceitável.
Como se não fosse suficiente, esta declaração ainda tem laivos da tese salazarenta, segundo a qual estão no cargo com grande sacrifício pessoal e que quem critica é um mal agradecido. Ora, esta tese serve apenas para desprestigiar a política e desresponsabilizar os respectivos titulares. Felizmente, em democracia espera-se muito mais.