Longe vai o ano do Passos favorável ao aumento dos combustíveis: 2015
O tempo voa. Debatia-se a proposta de Orçamento do Estado para o longínquo ano de 2015. Nele constava um pacote pomposamente designado “fiscalidade verde” em que a medida com maior impacto orçamental era – adivinhem! – um aumento dos impostos que incidiam sobre os combustíveis.
Na altura, na apresentação do OE2015, Passos via “uma aposta na mudança de comportamentos e nos incentivos para uma abordagem de maior eficiência no uso dos recursos, menos desperdícios nocivos, e de maior sustentabilidade do nosso crescimento e do nosso modo de vida.” Mais, via uma “alteração de comportamentos com consistência e benefício económico e ambiental” e via ainda um “Crescimento Verde, para uma economia mais eficiente e com mais tecnologia e para uma maior sustentabilidade do nosso modo de vida”.
Passado tanto tempo, uma boa dezena de meses, o que diz agora Passos? Ora, parece que terá dito na sexta-feira que “de um modo geral os portugueses, quer andem de automóvel ou não, acabarão por suportar o custo mais elevado que os combustíveis representarão” e que, pasmem!, haverá consequências “consequências no crescimento económico” até porque – pudera! – “o nível de aumento do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) é muito intenso”.
A questão da competitividade com Espanha já era referida quando Passos aumentou os combustíveis. Mas não se julgue que isso minimizava o argumento do Ministro Jorge Moreira da Silva que não hesitava em afirmar, em entrevista à Visão, que a descida do preço do petróleo “é uma boa notícia para os consumidores mas é uma má notícia para o combate às alterações climáticas” sem mostrar preocupação com o facto de o seu homólogo espanhol (não) partilhar a mesma abordagem.
Mas, na referida entrevista, Moreira da Silva foi mais longe e explicou porque é que o desagravamento do IRS para aumento dos impostos combustíveis é virtuoso: “Quando pagamos IRS, não temos margem de manobra. Trabalhamos e pagamos. Quando uma empresa produz riqueza, não tem margem de manobra. Produz e paga. Mas quando eu consumo de uma forma sustentável, posso fazer escolhas.” Acresce que ainda dá um “sinal aos consumidores para que comprem produtos mais verdes porque poupam, e dá um sinal aos produtores para que produzam produtos mais verdes porque ganham.”
Mudam-se os tempos, já sabemos. Se a passagem à oposição poderia ser um interessante teste à pose de Estado e à capacidade para resistir à demagogia, Passos, talvez nervoso com as entrevista de Rui Rio, caminha para falhar estrondosamente
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