Justiça fiscal para combater a desigualdade salarial
O estudo Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal tem muita informação interessante, sendo imprescindível a sua leitura na íntegra.
Mas um gráfico desde logo chamou a minha atenção. Dois indicadores quanto à desigualdade do rendimento bruto mensal em Portugal. Somos dos países em que o rendimento mediano é menos "premiado" face ao ganho máximo dos 10% com menores salários. E somos o país em que o é mais elevado o prémio do menor ganho dos 10% com maiores salários face ao rendimento mediano.
Sabemos que as qualificações explicam uma parte da história - e nesse caso só reforçaria a importância de não desistir da formação superior dos nossos jovens e uma aposta redobrada na formação de adultos.
Mas também sabemos que as qualificações estão longe de explicar a história toda. E admitindo que as algumas razões estruturais desta desigualdade terão um tempo de correção, a dúvida que se coloca é como atuar no curto prazo sobre estas desigualdades. Os resignados encolherão os ombros. Para todos os outros a resposta só pode ser uma: encontrar na justiça fiscal e nos serviços públicos universais uma resposta que permita mitigar esta desigualdade.
Naturalmente, que quanto mais desigual for a distribuição de rendimento mais progressivo terá que ser o sistema fiscal por forma a garantir uma sociedade com igualdade de oportunidades para todos.