Incompetência ou estratégia?
Durante algum tempo, ainda quis acreditar que o caos que se vive na educação é apenas resultado de muita incompetência de Nuno Crato e da equipa do ministério da Educação. Mas depois de vários comentadores afectos ao Governo, do novo porta-voz governamental, Cavaco Silva, e do próprio Passos Coelho, terem vindo defender um novo modelo de colocação de professores, fiquei convencido da verdadeira causa da sucessão de erros que se têm vivido neste início de ano escolar: a vontade deliberada de provocar a desorganização no ensino público, deste modo levando a uma discussão que parecia mais do que encerrada há uns anos.
Com milhares de alunos ainda sem professor, atrasos nos programas e a incerteza sobre o futuro a curto e médio prazo, quantos pais não terão já tirado os seus filhos da escola pública, quantos não estarão a pensar fazê-lo? Essa é uma questão. Outra é a razão das sucessivas declarações de apoiantes do Governo, não atacando a aparente incompetência do ministro, mas o modelo em si - quando antes esse modelo sempre funcionou relativamente bem. O que parece acaso e erro poderá não passar de estratégia que visa provocar uma discussão que estava fechada. Se assim for, é ainda mais grave o que está a acontecer. Não se pode brincar com a vida de milhares de alunos apenas por motivações políticas ou ideológicas. Isso configura um crime sem perdão. Repugnante.