Freud explica ou não
Uma saída da Grécia da zona euro e da União Europeia teria custos mais elevados para a Alemanha do que um perdão total da dívida grega. Acresce que tal saída colocaria em causa o projecto europeu e com isso arriscaria perder a principal fonte do seu actual sucesso (euro desvalorizado; influxo de imigração especializada; financiamento barato).
Se a chamada "grexit" consubstancia uma solução a todos os níveis pior para os interesses alemães por que razão parece ser vista com bons olhos pelas autoridades daquele país?
Se como táctica negocial não faz sentido, será que apenas querem fazer à Grécia aquilo que gostavam mas que não podem fazer aos estados deficitários alemães: desde a reunificação alemã os estados da antiga RFA transferiram em ajuda financeira mais de 2 biliões para a antiga RDA, sem que tal tenha resolvido a elevada disparidade económica entre estados.
No fundo este conflito interno mal resolvido acaba por ser projectado na relação com a Grécia, exacerbada por uma Chanceler originária da ex-RDA que deve aceitar com relutância, apenas explicável por falta de vontade e esforço, a diferença de crescimento entre as duas regiões.