02
Nov15
Expectativas
Diogo Moreira
Estamos a assistir a um momento histórico na política portuguesa: o primeiro governo que terá o apoio de todos os partidos de esquerda, algo com que tantos sonharam e que quase foi sempre considerado impossível de se concretizar. É obra.
Mas no meio de tanta euforia merecida, convém não nos deixarmos ser apanhados pelas armadilhas da direita, que quer tanto que esta nobre iniciativa falhe. Uma dessas armadilhas é a das expectativas que estão a ser descarregadas em cima de todos os partidos de esquerda, mas que não têm razão de ser. Falamos da ideia de que o PCP ou o Bloco iriam integrar o governo, ou que o acordo tem de ter a solidez para uma legislatura inteira. Ambas essas expectativas são erradas e contra-producentes.
Se a hipótese 'Governo de Esquerda' não tivesse surgido, o mais natural era termos um governo a prazo da direita, que o PS viabilizaria a contra-gosto. Este governo seria muito instável, e o expectável era que houvesse novas eleições em 2016, ou 2017. Ninguém esperaria que esta legislatura durasse quatro anos, e tal deve-se ao resultado das eleições de Outubro, a coligação mais votada não possui apoio maioritário no Parlamento. Esta situação não se alterou com a existência de uma maioria de esquerda, que está disposta a viabilizar um governo alternativo à direita, para impedir a continuação da desgraça social e económica do nosso país.
O 'Governo de Esquerda' é um governo de necessidade, um governo que visa reverter o mal que nos foi feito nos últimos quatro anos, e repor o nosso país na senda do desenvolvimento económico e social. E para este imperativo nacional, o PS, o Bloco e o PCP quebraram as barreiras que os separaram em tantos assuntos. Mas não nos deixemos cair da armadilha da direita, isto não é uma coligação de governo. Nunca o foi. Isto é, nas sábias palavras de Pacheco Pereira um "acordo minímo", que visa impedir a direita de continuar a destruir o nosso país. Um objectivo glorioso, que é de saudar.
Neste contexto, é natural que o Bloco e o PCP não tenham presença governativa, porque o programa de governo não será o fundir de três perspectivas tão diversas. Será antes uma versão do programa do PS expurgado do que os outros dois partidos consideram inaceitável. E isto faz toda a diferença. Este tipo de apoio tenderá a ser instável, como a do PS à direita já seria, e será normal que este governo não aguente a legislatura inteira, como o da direita já não aguentaria.
Em 2016 ou 2017 poderemos vir a ter novas eleições. É expectável que assim sim seja.
Mas no meio de tanta euforia merecida, convém não nos deixarmos ser apanhados pelas armadilhas da direita, que quer tanto que esta nobre iniciativa falhe. Uma dessas armadilhas é a das expectativas que estão a ser descarregadas em cima de todos os partidos de esquerda, mas que não têm razão de ser. Falamos da ideia de que o PCP ou o Bloco iriam integrar o governo, ou que o acordo tem de ter a solidez para uma legislatura inteira. Ambas essas expectativas são erradas e contra-producentes.
Se a hipótese 'Governo de Esquerda' não tivesse surgido, o mais natural era termos um governo a prazo da direita, que o PS viabilizaria a contra-gosto. Este governo seria muito instável, e o expectável era que houvesse novas eleições em 2016, ou 2017. Ninguém esperaria que esta legislatura durasse quatro anos, e tal deve-se ao resultado das eleições de Outubro, a coligação mais votada não possui apoio maioritário no Parlamento. Esta situação não se alterou com a existência de uma maioria de esquerda, que está disposta a viabilizar um governo alternativo à direita, para impedir a continuação da desgraça social e económica do nosso país.
O 'Governo de Esquerda' é um governo de necessidade, um governo que visa reverter o mal que nos foi feito nos últimos quatro anos, e repor o nosso país na senda do desenvolvimento económico e social. E para este imperativo nacional, o PS, o Bloco e o PCP quebraram as barreiras que os separaram em tantos assuntos. Mas não nos deixemos cair da armadilha da direita, isto não é uma coligação de governo. Nunca o foi. Isto é, nas sábias palavras de Pacheco Pereira um "acordo minímo", que visa impedir a direita de continuar a destruir o nosso país. Um objectivo glorioso, que é de saudar.
Neste contexto, é natural que o Bloco e o PCP não tenham presença governativa, porque o programa de governo não será o fundir de três perspectivas tão diversas. Será antes uma versão do programa do PS expurgado do que os outros dois partidos consideram inaceitável. E isto faz toda a diferença. Este tipo de apoio tenderá a ser instável, como a do PS à direita já seria, e será normal que este governo não aguente a legislatura inteira, como o da direita já não aguentaria.
Em 2016 ou 2017 poderemos vir a ter novas eleições. É expectável que assim sim seja.