Elevador social
Imaginemos um elevador num prédio (que para o caso segue a tradição romana dos residentes nos andares superiores serem os mais pobres). Este é um serviço essencial cujo encargo é dividido pelos condóminos segundo a permilagem da sua fracção autónoma, ou seja, de acordo com a percentagem de riqueza que cada um detém.
No entanto, os residentes do rés-do-chão alegam, e com uma certa razão, que não devem suportar os encargos com o elevador ou que o encargo deve ser proporcional ao andar que cada um ocupa, correspondente ao uso que fazem.
Em virtude desta pressão ocorre uma alteração: os que usufruem do elevador pagam pelo seu serviço enquanto que os que conseguem atingir o seu andar pelos seus próprios meios deixam de contribuir. Esta mudança resulta num acréscimo de despesa para os condóminos dos andares superiores e na isenção de pagamento dos condóminos dos andares inferiores (que correspondem respectivamente aos condóminos mais pobres e mais ricos).
Assim, por um lado deixa de existir a redistribuição de rendimentos para o pagamento de bens essenciais, por outro acrescenta-se uma maior complexidade no seu pagamento, que nuns casos pode obrigar a que gestão do condomínio considere que não faz parte da sua função gerir algo que é usado por apenas uma parte dos seus membros.
Ao mesmo tempo as tarifas cobradas serão insuficientes para a manutenção ou investimento num novo elevador, as avarias irão multiplicar-se e o serviço piorar.
Passo seguinte: venda do serviço de elevador.
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.