Dos acordos com partidos com propostas que vão contra pilares do regime
Uma das críticas que se ouve na hipótese de acordo do PS com os partidos à sua esquerda é o facto destes terem propostas que vão contra pilares do regime.
O que é estranho é que tal diabolização só ocorra à esquerda. Quando o PSD fez acordos de coligação com o PPM, o último em 2005, alguém confrontou os dois partidos da mesma forma?
Questionou-se se o PSD iria obrigar o PPM a recusar a defesa da monarquia para efectivar um acordo? Questionou-se sobre a hipotética incoerência da monarquia que o PPM defendia (e defende) não constar da plataforma de entendimento?
Dissertou-se horas sobre a má imagem que resultava para o PSD o facto de unir-se a um partido que defende que o chefe de Estado seja indicado de forma divina e não democrática? Escreveram-se artigos inflamados de republicanos a afirmar que deixariam de votar no PSD?
Como sabemos, a novidade desperta sempre alguns temores, sobretudo quando estes temores são convenientes. Convinha contudo que houvesse uma maior serenidade no discurso público e não agitar espantalhos.
Afinal, tanto se perorou sobre compromissos e vai-se a ver, confrontados com reais hipóteses da existênca de compromissos, há sempre escandalizados de serviço.