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365 forte

Sem antídoto conhecido.

Sem antídoto conhecido.

10
Fev15

Da complexidade

Nuno Oliveira
Recordemos como há uns meses o maniqueísmo confrontava António Costa com a questão É contra ou a favor do Tratado Orçamental? Contra todas as simplificações, Costa respondeu que o Tratado permitia mais do que a leitura restritiva que estava a ser feita. E contrapôs a "leitura inteligente".

 

Deixo o desafio fastidioso, a quem o aceitar, de encontrar todos os registos depreciativos sobre a "leitura inteligente". Ele há os que afirmavam ser apenas um hábil artíficio retórico para esconder a sua posição (sim ou não) sobre o Tratado e os que apenas se dedicaram a exercícios mais ou menos jocosos sobre a capacidade de os outros países partilharem a leitura de António Costa.

 

Curiosamente passados estes meses, não só a "leitura inteligente" foi abraçada oficialmente pela Comissão como no espaço público ela já parece ser entendida sem grandes traumas.

 

Mas sabemos que a simplificação não dá tréguas e exige-se agora a António Costa uma resposta sobre  a "questão da dívida". Uma resposta e uma resposta binária. Pagar, sim ou não? Reestruturar, sim ou não? Como se não houvesse espaço político, se não uma infinitude, pelo menos um largo espectro de soluções.

 

O que se pode e deve exigir a um político é que tenham objectivos. E neste caso ele é claro. O objectivo é ultrapassar o constrangimento ao investimento público. Ele foi identificado e já ultrapassado no Tratado Orçamental. Foi identificado e não ultrapassado não questão da dívida pública.

 

É preciso aceitar que, por vezes, as discussões podem e devem ser complexas. É preciso aceitar que pode haver mais soluções que "pagar ou não pagar" a dívida. Mais soluções do que "reestruturar ou não reestruturar a dívida". Observando as subtilezas - e a imaginação - das instituições europeias é bem possível que se alcance em breve uma solução que permite aos países da periferia realizar o investimento indispensável ao seu crescimento económico, indispensável a que recuperem do atraso estrutural de competitividade. E essas soluções aparecerão independentemente de todos quantos pretendem reduzir a resposta binárias o pagamento ou a reestruturação da dívida e independentemente da designação que seja dada aos mecanismos acordados.

 

Percebe-se a tentativa de simplificar as discussões. Mas é preciso, por vezes, aceitar a complexidade e confiar que os cidadãos a percebem. Possivelmente, melhor do que muitos julgam.

 

«As circunstâncias são o dilema sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter.»
- Ortega y Gasset

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