Choque e pavor
Desde os tempos de preparação da Guerra do Iraque que não se assistia a uma tal intoxicação da opinião pública - só que agora os mercados são as novas armas de destruição maciça.
É possível num contexto europeu que funciona como um espartilho ideológico de direita existir políticas de esquerda? Este que era o único ponto que poderia ser objecto de discussão sobre uma coligação de esquerda - e numa visão mais alargada numa discussão sobre o estado da democracia - é transformado numa batalha cujo desfecho só pode terminar em rendição incondicional: ou há um programa de governo do BE e do PCP ou há um do PS.
Esta visão de tudo ou nada e a sua impossibilidade prática resulta mais da forma como é percepcionada a coligação de direita e o papel do CDS e do seu líder - capaz de dizer tudo e o seu contrário - na sua formação do que uma visão democrática. Por outras palavras, acreditam que uma coligação de governo estável só poderá resultar se o parceiro com menor peso estiver disposto a abdicar de tudo.