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365 forte

Sem antídoto conhecido.

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02
Dez14

Avantajices

David Crisóstomo

Em relação ao alegado e-mail que o professor Marcelo serenou à Judite numa noite de domingo em Queluz de Baixo, duas coisas:

 

  • Marcelo diz que o tal do mail foi para ele e para o "portal do Governo, para Passos Coelho", ficando uma pessoa a pensar que Marcelo acredita que são a mesma coisa; diz ainda que a autora do mail, que alega ter visto tudo e mais um par de botas nos computadores dos deputados, é uma "adolescente de 16 anos, do 11º ano, da escola secundária Alves Redol de Vila Franca de Xira", que "foi com a sua turma no dia 20 de Novembro à Assembleia da República, esteve na Galeria 3 e no debate do Orçamento de Estado o que é que ela viu foi o seguinte:" nada de nada, arrisco eu. É que no passado dia 20 de Novembro não consta que tenha havido nenhuma turma de escola alguma de Vila Franca de Xira a assistir ao plenário na Assembleia da República, como é verificável no site do parlamento. Nem no dia 20 de Novembro, nem em qualquer outro dia em que o Orçamento de Estado tenha sido discutido em plenário (30 e 31 de Outubro, na generalidade, e 20, 21, 24 e 25 de Novembro, na especialidade). O Marcelo já fazia um pouquinho de fact-checking antes de ler imbecilidades em horário nobre, se não for muito incómodo.

    30 de outubro.pngalves redol.png

     

  • Sobre o que de facto constituiu o trabalho parlamentar e análise que é dele feita pela maioria da população, faço minhas as palavras do Miguel Vale de Almeida:

"Quantas vezes é preciso dizer que as sessões plenárias no parlamento são a parte menor do trabalho de deputado/a? Que as pessoas são perfeitamente capazes de, ao mesmo tempo, consultar mails, sites da net, etc? Que não há nada de intrinsecamente indecoroso em estar online? Que as discussões em plenário não são abertas a todos/as os/as deputado/as, mas sim restritas a quem já está previamente decidido que vai falar? Que a democracia que queremos não tem de ser uma performance do século XIX? Que o trabalho dos deputados/as que efetivamente queiram cumprir a sua função se faz no estudo dos dossiês que tenham em mãos e nas comissões? Que este trabalho pode ser escrutinado (TV do Parlamento, site do parlamento, contacto direto com as/os deputadas/os, etc)? Que o eventual comportamento impróprio ou a eventual impreparação de alguns/algumas não significa que todos/as sejam assim? Que a coisa mais avantajada que temos é a estupidez e a demagogia, para mais quando um político que finge não o ser lhes serve de altifalante?"

 

 

 

 

Adenda1: fui avisado que não é de descartar que tenha existido mesmo uma assistência ao plenário sem marcação por parte duma turma da escola Alves Redol - claro, é possível, incomum mas possível (tal como é possivel que a rapariga tenha lá ido sem nenhum professor e simplesmente acompanhada de uns colegas - ainda mais improvável, mas, todavia, plausível). E como escrevi num comentário abaixo, se for publicada uma noticia ou algo que prove que houve de facto uma turma daquela escola a assistir ao plenário no dia 20 de Novembro, eu aqui partilharei, dado que não tenho qualquer interesse em desacreditar alunas do 11º ano da escola secundária Alves Redol. Reparem que isto é um blogue, não é (ainda, bem sei, pra lá caminhamos) um órgão de comunicação social regulado pela ERC e eu não sou um comentador regular em prime-time no 2º canal mais visto da televisão portuguesa - sou apenas um tipo com um teclado e um computador. Não tenho nem tempo nem meios para fazer o trabalho jornalístico exigente e minucioso que um potencial desmentido na comunicação social exigiria - isto é, não apenas a consulta do site da AR que demorou dois minutos, mas também um telefonema e uma ida à escola em questão, uma conversa com um professor ou dois e mais uns alunos, tomar umas notas e verificar com os seguranças e funcionários da portaria do parlamento. Um comentador domingueiro na TVI podia (devia) ter feito algo deste género antes de difamar publicamente os deputados da Assembleia da República com base num alegado "mail". Tal como um certo jornal e um certo jornalista também o podiam (deviam) ter feito. Ambos optaram por não se dar ao trabalho, estão no seu direito, preferiram ler e (descaradamente) copiar o que viram noutros sítios, respectivamente. É lá com eles. E connosco, que a pouco e pouco nos vamos habituando a toda esta calaçaria.

 

Adenda2: Conforme já tinha sido alertado por amigos jornalistas, parece que se verifica que houve de facto uma visita duma turma da escola secundária Alves Redol, que não foi todavia registada nos serviços da Assembleia da República (obrigado RT). Talvez o senhor jornalista do Observador (e os do Jornal de Noticias e do Correio da Manhã, já agora) também queira copiar esta informação. 

 

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