A TINA MORREU
A grande lição que as legislativas de 2015 nos deram foi a de que em democracia há sempre - sempre - alternativa. Apesar do discurso vigente durante quatro anos, das imposições para além da troika, dos assaltos aos salários e pensões, dos ataques à constituição, dos excel do Gaspar e das trafulhices da Albuquerque, das heranças que são sempre pesadas, apesar da relutância do Cavaco em dar posse a um governo apoiado por comunistas, apesar do estertor do cavaquismo e do passoscoelhismo, apesar do quem é que paga, do não há dinheiro, do tem de ser, apesar disso tudo, afinal havia outra.
A ausência de alternativa é a negação da democracia. A TINA foi morrendo aos poucos: primeiro a maioria de esquerda, depois o acordo parlamentar, a formação do governo e a estocada final da aprovação do orçamento no princípio de 2016. A alternativa nasceu e vai funcionando. O país está como está, as pessoas estão melhores. Passado mais de um ano já é oficial - saiu um obituário no Washington Post e tudo - a TINA morreu. Façamos-lhe um funeral digno, para que não nos esqueçamos que a TINA é o braço armado em parvo dos autocratas, perigosa aliada do limbo entre o eles são todos iguais e o não vale a pena votar.
E que se enterre de vez o discurso de que não há alternativa. Mesmo que algum dia seja a esquerda (cruzes, canhoto) a querer fazê-lo.