A insustentável ligeireza de Passos Coelho e José Matos Correia
É reconhecidamente uma das mais destacadas figuras da direção do PSD. E, sem dúvida, um dos mais sofisiticados e sólidos na argumentação. Talvez por isso surpreenda mais que José Matos Correia se ofereça desta forma ao ridículo.
Como ilustra o vídeo do Vargas, Matos Correia afirma de forma insinuante que o ministro se lembra de declarações que mais ninugém se lembra pretendendo no fundo sugerir que ele não as terias feito. Eventualmente, será a memória de Matos Correia incompatível com a atividade parlamentar. Ou não será problema da memória de Matos Correia, que não faz parte da comissão. Talvez Matos Correia tenha confiado indevidamente na memória de deputados desmemoriados.
E porque se dá tanta ênfase a esta questão? Porque foi o PSD que fez desta suposta omissão cavalo da batalha. José Matos Correia diz que lhe faltam esclarecimentos quanto à entrada do capital chinês. Esses esclarecimentos só faltarão porque os deputados que estavam na Comissão nem sequer tiveram a competência de prestar atenção à declarações do ministro. Caso contrário, poderiam ter questionado o ministro.
Mais. O próprio Passos, perdido como sempre, veio considerar lamentável: "Fomos todos surpreendidos". Por "todos" entenda-se as pessoas que confiam no trabalho dos deputados do PSD nesta comissão. E tanto confia neste deputados que prossegue os dislates, confiante que o ministro nada teria referido: "acho que o mínimo que o Governo pode fazer é reconhecer que faltou com o esclarecimento que era devido ao parlamento. Esta não é uma maneira correta, adulta, não é uma forma madura de tratar os portugueses e a política portuguesa".
Pela minha parte, acho que "o mínimo" que Passos e Matos Correia podem fazer é reconhecer que foram induzidos em erro pelos seus deputados e pedir desculpa ao ministro. Seria uma "maneira correta, adulta e madura" de tratar os portugueses e a política portuguesa.
Nota em jeito de desabafo: espera-se dos jornalistas que façam escrutínio. Bernardo Ferrão, na SIC Notícias, em vez de tratar de saber se o ministro teria ou não referido a entrada do capital chinês decidiu ir pelo caminho mais fácil de assumir estarem corretas as acusações do PSD.