A Hermenêutica de Cavaco Silva
A teoria geral da compreensão do que se passou na última semana, por parte do Presidente da República, resume-se a isto:
Nem uma palavra sobre o que no mundo que mudou para que, em 15 dias, o Primeiro Ministro, Ministra das Finanças e Ministro da Presidência do Conselho Ministros dessem o dito por não dito e se aumentassem impostos, diminuisse o rendimento disponível dos trabalhadores, assim como o valor do salário mínimo nacional (por força do aumento da TSU). SMN, esse, que o PM, também há pouco mais de 15 dias, afirmou querer ver subido no seu valor. Nem uma palavra para explicar aos portugueses quais as condições concretas de um programa cautelar, de modo a explicar a sua exclusão como hipótese.
Não, nem uma palavra. Para variar, o Presidente da República comportou-se como um hooligan, disparando dislates despeitados em várias direcções, qual adepto ressabiado para com aqueles que duvidaram do seu amado clube. É exactamente o mesmo Presidente da República que apela a consensos (seja lá o que isto for) e o mesmo que roga, pungentemente, que "não enveredem pelo caminho da crispação e conflitualidade” e que deixem de parte as “querelas artificiais e as controvérsias estéreis”.
É toda a hermenêutica de Cavaco Silva face à realidade com que nos deparamos: uma boca no facebook.
De facto, um Presidente da República bem abaixo das nossas possibilidades.
E por falar em hermenêutica, as palavras da filósofa Constança Cunha e Sá, aqui.