A dificuldade de Passos em governar para pessoas concretas
Já todos notámos como Passos julga que o discurso se torna mais elegante - achará mais "intelectual"? - conferindo uma abstracção a entidades concretas.
Assim, deixámos de pensar no regressos aos mercados para nos preocuparmos com o "regresso a mercado". Ontem, Passos ensaiou outra. Não pensar no futuro mas antes "destinar para futuro".
Deixo para outros mais preparados que eu uma elaboração sobre o funcionamento do cérebro do líder do PSD. Mas há uma ironia que não deixo escapar. Também a forma de Governar parece render-se, conformar-se com uma ideia abstracta de Portugal esquecendo-se do concreto: as pessoas, os portugueses.
E esta é justamente a questão nuclear: o modelo de "ajustamento" escolhido atropela os portugueses. O front-loading pode até (temporariamente) permitir uma descida do défice da balança comercial mas fazendo-o à custa do sacrifício concreto e imediato de dezenas de centenas de milhares de portugueses. O front-loading para um rápido "ajustamento" mais que outros modelos remete os portugueses ao desemprego, à pobreza, à emigração. Esse é e será sempre o legado deste governo.